OSESP celebra Elizabeth Del Grande em concertos com maestro Neil Thomson
Apresentação da sexta (10/nov) terá transmissão ao vivo no YouTube da Osesp

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, se apresenta entre 09 e 11/nov, na Sala São Paulo, prestando homenagem à sua timpanista Elizabeth Del Grande. A decana, que completa 50 anos na Orquestra, será solista em programa que também traz o multi-instrumentista Luiz Fernando Venturelli. Os concertos serão comandados pelo inglês Neil Thomsom, regente titular da Filarmônica de Goiás e parceiro de longa data da Osesp. O repertório terá a Fantasia e Fuga em Dó Menor, de Johann Sebastian Bach, e tripla estreia: das encomendas A Hora das Coisas, de Paulo C. Chagas, e Concerto para Violoncelo, de Jorge Villavicêncio Grossmann; e da orquestração de Richard Rijnvos para o Ciclo Brasileiro, de Villa-Lobos — todos os três compositores estarão conosco na ocasião. Vale lembrar que a apresentação da sexta-feira (10/nov) terá transmissão digital no canal da Osesp no YouTube.
Elizabeth Del Grande: 50 Anos de Osesp
Em 1973, quando a presença de mulheres em orquestras se contava nos dedos, ela juntou-se à percussão da Osesp e fez história. Bolsista do célebre Festival de Tanglewood, nos EUA, com vários prêmios no currículo, dedicou-se ao ensino da percussão sinfônica e participou de diversas gravações sinfônicas, de música popular, de trilhas sonoras e até mesmo de jingles. Neste ano, fará a estreia mundial, como solista, de A hora das coisas, encomenda a Paulo C. Chagas para celebrar as cinco décadas de Elizabeth Del Grande com a Osesp. “Em vários aspectos, Beth é um símbolo da superação, da vitalidade e do sucesso da Osesp”, diz Marcelo Lopes, diretor executivo da instituição.
Sobre o programa
A Fantasia e Fuga em Dó Menor foi escrita durante a permanência de Bach na corte do Castelo de Weimar, sem data precisa. Em 1774, um incêndio reduziu a cinzas o castelo, e uma quantidade importante de documentos e partituras de seu arquivo se perdeu para sempre. Felizmente a Fantasia e Fuga se salvou. É uma obra relativamente breve, que esbanja ideias melódicas e soluções harmônicas maravilhosas. Começa com um movimento solene, até mesmo pesaroso, ornamentado e complexo, que dispensa a parte improvisatória e virtuosística (semelhante a uma cadenza) tão comum em outras peças do gênero — tal bravura poderia comprometer o caráter compenetrado da música, que predomina até o fim.
A Hora das Coisas, de Paulo C. Chagas, foi encomendada especialmente para homenagear Elizabeth Del Grande. Apesar de desempenhar um papel vital na orquestra sinfônica, são poucos os concertos dedicados ao tímpano. A preocupação do compositor foi de explorar toda a vasta paleta sonora do instrumento, desde gestos de extrema intensidade até passagens líricas, ritmos pulsantes e texturas variadas. A peça se inicia de maneira enérgica, com o tímpano executando solos intercalados por intervenções curtas e marcantes de toda a orquestra.
Já o Concerto para Violoncelo, com três movimentos, foi escrito por Jorge Villavicêncio Grossmann especialmente para Luiz Fernando Venturelli. O segundo deles, um “Scherzo”, utiliza uma técnica de pizzicatos especialmente desenvolvida por Venturelli, graças à sua experiência como guitarrista, é um interlúdio fugaz entre o meditativo primeiro movimento e o multifacetado terceiro movimento.
O Ciclo Brasileiro, dedicado a Mindinha, segunda esposa de Villa-Lobos, é uma obra de maturidade, em que a costura de elementos eruditos e populares é realizada sem qualquer artificialismo. Villa-Lobos já era então um compositor consagrado e figura pública eminente, e havia há tempos encontrado a sua linguagem própria. A identidade nacional, frisada nos títulos de cada um de seus movimentos, é o elemento catalisador desta obra, que já foi descrita como um arco que se estende entre a semeadura (o plantio do caboclo) e a celebração da colheita abundante (a dança do índio branco).
10