29 de Setembro de 2024

Dólar

Euro

Cultura

Jornal Primeira Página > Notícias > Cultura > São Carlos ganha obra de Dali estimada em R$ 100 milhões

São Carlos ganha obra de Dali estimada em R$ 100 milhões

08/04/2013 20h45 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
São Carlos ganha obra de Dali estimada em R$ 100 milhões

As cem xilogravuras de Salvador Dali para ilustrar a edição histórica da Divina Comédia, de Dante Alighieri, feita em 1960, foi doada ontem para São Carlos pelo empresário Lover Ibaixe. O acervo é histórico já que são gravuras adquiridas do próprio autor que deram origem a 500 cópias que foram vendidas por Dali.

 

A obra retrata o caminho do homem do inferno ao céu, passando pelo purgatório, foi exposta uma única vez na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), na década de 1990. Na época, perto de 98 mil pessoas visitaram a exposição na capital brasileira. Após essa temporada, a obra ficou como está, em um cofre do banco Safra, em Goiânia, cidade onde vive Ibaixe.

De acordo com o prefeito Paulo Altomani (PSDB), a obra tem “por baixo um valor estimado em R$ 100 milhões”. Questionado sobre qual será o investimento do município para manter o acervo assegurado e dentro das especificidades técnicas de aclimatação, para evitar a deterioração, Altomani afirmou que tem uma Guarda Municipal com 190 servidores que trariam “segurança adequada para receber todo esse acervo”.

Entre as possibilidades do local para receber o acervo foi lançada pelo prefeito a reforma do Palacete Conde do Pinhal, onde hoje funciona a Secretaria da Educação do município, ou o prédio da Pinacoteca, inaugurado em dezembro de 2012, que fica na Baixada do Mercado, antiga piscina pública.

“Com a adequação, vamos criar um museu que proponho o nome do pai de Lover, Antônio Ibaixe, para receber a coleção que estará disponível diariamente para a população”, disse Altomani.

Segundo o prefeito, o coordenador de Cultura, Ney Vilela, vai ficar responsável por trazer um especialista na área para encontrar o local adequado. “Acredito que entre 60 e 90 dias já estaremos recebendo essa obra na cidade”, estimou Altomani.

O doador Lover Ibaixe explicou como teve acesso a esse acervo. Em uma de suas viagens à Espanha no início dos anos 1980, conheceu o jornalista catalão Miguel Utrillo, que era amigo pessoal de Dali.

Por intermédio de Utrillo, Ibaixe conheceu Dali e a esposa dele, Gala, que acabou sendo a personagem que colocou o acervo no caminho de Ibaixe. “Eu fui a casa dele (Dali) pensando em comprar um quadro, quando anunciei a minha intenção, a esposa dele (Gala) acabou me espinafrando dizendo que eles não venderiam nada. Fiquei quieto, e no meio da conversa tirei uma moeda de ouro do bolso para brincar com as mãos. Logo percebi que ela ficou interessada. No final da conversa, Gala me propôs que se lhe desse a coleção de moedas de ouro (perto de 300 unidades – uma herança de família), ela me daria o acervo da Divina Comédia, que ganhou de Dali. Aí foi feito o negócio”, contou.

Ibaixe disse que se predispôs a doar essa obra por querer que esse acervo chegue até as pessoas. “Não tem por que ficar com a minha família e três pessoas no máximo ter acesso. Por isso doei para São Carlos. Como sou são-carlense, tenho interesse em promover a cidade”, relatou.

Altomani disse que recebeu a notícia no final da manhã do último domingo de que Ibaixe gostaria de doar ao município a coleção, através dos amigos Romeu Santini e Álvaro Perez.

 

Obra tem autenticidade comprovada

Na ocasião da exposição da Câmara dos Deputados, o então presidente da casa Aécio neves (PSDB) submeteu a edição das xilogravuras apresentadas nesta exposição à Fundação Gala – Salvador Dalí, em Figueres, a instituição que administra, protege e fomenta o legado artístico de Dalí. Com a colaboração do embaixador espanhol no Brasil, José Coderch, o Centro de Estudos Dalinianos concordou em examinar a obra, pedindo que fosse enviada uma amostra das gravuras que pertencem a Lover Ibaixe. O Departamento de Restauração analisou a gravura “L’Ange Déchu” (O Anjo Caído) e emitiu um “Informe Técnico” sobre essa gravura da série ‘A Divina Comédia’, 1960, assinado pela perita inglesa Juliette Murphy, comprovando a autenticidade da obra.

 

Como Dali compôs a série para a Divina Comédia

Joseph Foret, o editor de A Divina Comédia, conta que procurou Dalí em sua casa para pedir-lhe que ilustrasse um livro que teria nos anos 1960 uma edição comemorativa. Foret lembra que precisou insistir e ser paciente para conseguir que Dalí fizesse os desenhos.

Recomendamos para você

Comentários

Assinar
Notificar de
guest
0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários
plugins premium WordPress
0
Queremos sua opinião! Deixe um comentário.x