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Sistemas complexos e inteligência coletiva são temas de atividade gratuita universidade

08/03/2018 10h44 - Atualizado há 7 anos Publicado por: Redação
Sistemas complexos e inteligência coletiva são temas de atividade gratuita universidade

Entre os dias 13 de março e 26 de junho, às terças-feiras, das 8h às 12h, no Campus São Carlos da UFSCar, será ministrado o curso de extensão “Sistemas Complexos e Inteligência Coletiva: uma nova cultura científica para compreender questões do nosso cotidiano”. O curso será ofertado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) na modalidade de Atividade Curricular de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão (Aciepe). O curso, que está sob coordenação de Sérgio Henrique Vannucchi Leme de Mattos, professor do Departamento de Hidrobiologia (DHb) da Universidade, pretende compartilhar fundamentação teórico-conceitual sobre sistemas complexos e inteligência coletiva e instrumentalizar os participantes com recursos práticos, permitindo a valorização do conhecimento, a interação com pesquisadores de várias áreas e a utilização de ferramentas computacionais de forma simples e objetiva, propiciando a difusão de uma nova cultura científica que permita compreender e solucionar questões diversas da atualidade.

 

Em entrevista ao Primeira Página, os professores responsáveis pelo curso de extensão falaram como essa nova cultura científica pode ajudar em nosso cotidiano; a importância de se abordar esse assunto e sobre outros projetos que serão realizados este ano, já que 2018 é o Ano da Inteligência Coletiva e da Complexidade em São Carlos.

A entrevista foi concedida pelos professores:

Prof. Dr. Paulo César de Camargo – docente do Departamento de Física (DF) da Universidade Federal de São Carlos.

– Profa. Dra. Luzia Sigoli Fernandes Costa – docente do Departamento de Ciência da Informação (DCI) da Universidade Federal de São Carlos.

– Prof. Dr. Sérgio Henrique Vannucchi Leme de Mattos – docente do Departamento de Hidrobiologia (DHb) da Universidade Federal de São Carlos.

 

Confira a seguir!

Como essa nova cultura científica pode ajudar em nosso cotidiano? Em quais aspectos?

A cultura científica está relacionada ao modo como os cientistas buscam compreender os fenômenos, sejam eles físicos, biológicos ou sociais. Tradicionalmente, a visão predominante na Ciência é a de que, para se entender um fenômeno, precisa-se estudar isoladamente cada um de seus componentes. Desta forma, o fenômeno poderia ser explicado apenas somando os conhecimentos obtidos sobre cada parte. Os conhecimentos científicos gerados a partir desta abordagem trouxeram grandes avanços para a humanidade: fomos capazes de pisar na Lua, de inventar máquinas que nos dão mais conforto e viver mais e melhor do que nossos antepassados.

No entanto, atualmente estamos vivenciando situações em que tal abordagem não é suficiente para conseguirmos compreendê-las. Desde questões ligadas a saúde de cada um de nós até os problemas provocados pelas mudanças climáticas, a abordagem “separar para entender” não consegue nos dar respostas satisfatórias. Isto porque elas estão relacionadas ao comportamento de sistemas complexos, sejam eles sistemas físicos, biológicos ou sociais. Um sistema complexo é um conjunto de elementos que interagem entre si, formando uma rede de relações. Tais relações não envolvem simplesmente interações lineares do tipo “uma causa, um efeito”, mas sim relações não-lineares e multicausais, incluindo as chamadas retroalimentações. Os problemas existentes no ambiente urbano de cidades como São Carlos representam bem tal complexidade: para se fazer um planejamento eficaz de mobilidade urbana, não basta pensar em cada um dos problemas isoladamente. É preciso entender como eles se relacionam e se retroalimentam neste grande sistema complexo que é uma cidade. Ações pontuais que focam em um problema específico tendem a ser mal-sucedidas, pois não consideram como tal problema está relacionado a tantos outros e nem permitem identificar outros agentes e processos desse sistema que devem ser considerados para a proposição de soluções.

Incorporar no nosso dia-a-dia esta percepção de que um problema existente em geral não tem uma causa única e que, portanto, é preciso compreender os vários aspectos a que ele está relacionado, pode propiciar uma atuação cidadã mais consciente e efetiva. Nesse sentido, uma educação baseada na perspectiva da complexidade e da inteligência coletiva favorecem tal atuação.

 

Por que é interessante tocarmos nesse assunto e aprofundá-lo?

Vivemos em uma sociedade em que os conhecimentos científicos e tecnológicos influenciam nosso dia-a-dia e apontam as possibilidades para o futuro da humanidade. A tomada de decisões, como a escolha de um candidato nas eleições deste ano, baseada em uma interpretação simplista e simplificadora de fenômenos complexos, implica em uma compreensão insatisfatória daquilo que chamamos de realidade. Compreender as redes de relações existentes entre os elementos de um sistema complexo, por outro lado, ajuda a entender melhor como ele funciona e como agir sobre ele, caso se queira fazer alguma mudança em sua dinâmica. Tal compreensão mais aprofundada permite uma avaliação que vai além de “achismos” e de posições polarizadas que caracterizam nossos tempos atuais.

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