Em entrevista concedida à rádio São Carlos FM, na manhã desta quarta-feira (25), o advogado criminalista Reginaldo da Silveira, que representa o casal de advogados investigado como mandante de um duplo homicídio que chocou o interior paulista, se pronunciou sobre o caso que ganhou repercussão nacional na última semana.
Segundo o defensor, seus clientes foram presos temporariamente durante uma operação marcada, segundo ele, por excessos. “Houve helicóptero, cinco viaturas, e tudo poderia ter sido resolvido com uma simples intimação. Eles colaboraram desde o início da investigação”, disse Silveira, ao criticar a exposição midiática e o vazamento de informações em um inquérito que corre sob segredo de Justiça.
O caso gira em torno da morte de um casal com quem os advogados mantinham, há mais de dez anos, uma relação profissional. As vítimas teriam transferido bens milionários como forma de pagamento por serviços prestados, o que, segundo a polícia, teria motivado o crime. A defesa nega. “Ainda havia processos em andamento e valores a receber. Não havia qualquer interesse em ceifar a vida dessas pessoas”, argumentou o advogado.
Relação com os executores
Silveira também explicou o vínculo dos seus clientes com um dos acusados de executar o crime. Segundo o defensor, ele atuava como motorista da família e teria mantido contato recente com os advogados por conta de um sítio em São Pedro, cuja propriedade foi parcialmente transferida à família como pagamento. Segundo o advogado, as visitas frequentes ao local não configuram elemento suficiente para qualquer suspeita criminal.
Questionado sobre a suposta falsificação de documentos judiciais e guias de custas, o advogado afirmou que ainda não teve acesso completo a todos os dados e aguarda o depoimento dos clientes, marcado para a próxima sexta-feira (27). Ele também confirmou que pretende solicitar perícia técnica nos documentos. “Se houve falsificação, ele [o cliente] assumirá. Mas disso a dizer que ele mandou matar alguém, há uma distância enorme”, declarou.
Prisão e bens apreendidos
Sobre os bens apreendidos — como joias, relógios de alto valor e armas — o advogado afirmou que todos possuem origem lícita. “Eles são atiradores civis esportivos. Quanto às joias, muitas foram adquiridas no exterior. Vamos solicitar a restituição de itens não incluídos na ordem judicial de busca e apreensão.”
Apesar das críticas à condução da operação, Silveira elogiou a forma como os policiais trataram seus clientes no momento da prisão. “Foram respeitosos e agiram com cautela”, pontuou.
Exposição midiática e presunção de inocência
Silveira criticou com veemência a atuação da mídia nacional. “Expuseram nomes, imagens e até objetos pessoais. Estamos na fase de inquérito, não há acusação formal. Existe um julgamento popular antecipado que pode destruir a vida de pessoas inocentes”, alertou, citando os casos da Escola Base, nos anos 1990, e de um professor da Universidade Federal de Santa Catarina, que se suicidou após acusação infundada.
Segundo ele, a defesa já ingressou com pedido de habeas corpus e aguarda decisão da Justiça. “Eles têm residência fixa, são profissionais estabelecidos e colaboraram com as investigações. Estamos confiantes que vão responder em liberdade.”
Família e expectativa
Por fim, o advogado revelou que os filhos do casal estão sob os cuidados dos avós e pediu empatia. “São famílias destruídas por uma acusação ainda não comprovada. Que a sociedade e a Justiça tenham serenidade”, finalizou Silveira.