Ações de estímulo Fed animam mercados e dólar cai 0,39%
O dólar encerrou em queda ante o real nesta quinta-feira, 13, após o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, anunciar uma nova rodada de estímulo monetário que deve estimular fluxos de capital para países emergentes como o Brasil.
A queda da moeda norte-americana frente ao real foi limitada, no entanto, pelo receio de novas atuações do Banco Central, que, na véspera, defendeu o piso informal de 2 reais com um leilão de swap cambial reverso.
Declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, também ajudaram a conter a queda do dólar. Logo após a divulgação das medidas do Fed, o ministro afirmou que o governo possui um “arsenal” de medidas para conter fluxos cambiais indesejados.
O dólar caiu 0,39 por cento, cotado a 2,0190 reais na venda. Durante o dia, a moeda oscilou entre 2,0175 reais e 2,0300 reais. Ante uma cesta das principais moedas, a queda do dólar era maior, de 0,6 por cento.
“As medidas tomadas pelo Fed ajudam a injetar dinheiro na economia e esse dinheiro tem que vazar para algum lugar. Entre esses lugares, o Brasil ainda aparece relativamente como um porto seguro”, disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
O Fed lançou outro programa agressivo de estímulo nesta quinta-feira, dizendo que irá comprar 40 bilhões de dólares em dívida hipotecária por mês até que as perspectivas de emprego no país melhorem substancialmente.
As aquisições de títulos hipotecários, que começarão na sexta-feira, irão somar-se à chamada Operação Twist, no qual o Fed vende títulos de curto prazo para comprar dívida do Tesouro de prazo mais longo.
Juntas, as medidas podem ditar uma tendência de queda do dólar frente ao real daqui para frente, acreditam analistas. No entanto, a presença do BC no mercado de câmbio brasileiro deve limitar esse movimento.
“Tudo aponta para nova apreciação (do real). Parece que estamos chegando a um fundo em termos de desaceleração da atividade econômica, o BC está terminando seu ciclo de flexibilização monetária e teremos um novo impulso às commodities e o enfraquecimento do dólar (devido ao programa Fed)”, disse o analista do Deutsche Bank Mauro Roca, em Nova York.
“Mas o BC tem sido muito forte e consistente em passar a mensagem que eles não se sentem confortáveis com a moeda abaixo do nível de 2 reais”, acrescentou ele.
Autoridades do governo brasileiro têm defendido um real mais desvalorizado para aumentar a competitividade da indústria brasileira no exterior. As últimas intervenções do BC fizeram o mercado acreditar na existência de uma banda informal para o dólar, com piso de 2 reais e teto de 2,10 reais.
Em sua última intervenção, O BC efetuou na quarta-feira um leilão de swap cambial reverso, operação que equivale a uma compra de dólares no mercado futuro. (reportagem adicional de Michael O’Boyle)
