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Alimentos pesam e IPCA acelera alta a 0,57%

05/10/2012 16h56 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Alimentos pesam e IPCA acelera alta a 0,57%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou sua alta a 0,57 por cento em setembro, a maior para o mês em nove anos, impulsionado pelos preços dos alimentos, que podem continuar pressionando no curto prazo.

 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços dos alimentos pesaram sobre o indicador, com alta de 1,26 por cento no mês passado, também mostrando aceleração sobre agosto, quando haviam avançado 0,88 por cento. Só em setembro, o grupo alimentação e bebidas respondeu por 53 por cento do IPCA.

“Tem o problema climático que afeta os (produtos) ‘in natura’, a seca nos Estados Unidos e na Rússia que eleva os preços da commodities”, afirmou a economista do IBGE, Eulina Nunes dos Santos .

O resultado de setembro para o IPCA foi a maior variação positiva desde abril passado, quando avançou 0,64 por cento, e a maior para o mês desde 2003 (0,78 por cento). Em agosto, o índice havia subido 0,41 por cento.

No acumulado de 12 meses até setembro, o IPCA subiu 5,28 por cento, acima dos 5,24 por cento de agosto. É a maior alta anual acumulada desde fevereiro deste ano, com 5,85 por cento

Analistas ouvidos pela Reuters esperavam avanço de 0,55 por cento no mês passado, acumulando em 12 meses ganho de 5,27 por cento. Para a variação mensal, as projeções ficaram entre 0,48 a 0,60 por cento.

Os preços dos alimentos vêm pressionando os indicadores de inflação recentemente, após uma seca nos Estados Unidos e clima desfavorável também no Brasil. Para a economista do IBGE, mesmo que haja uma melhorar neste cenário, a pressão sobre os preços não deve ser reduzida no curto prazo.

“A alta dos alimentos tem reflexo em custos e outros preços”, explicou Eulina.

A variação nos preços dos alimentos esse ano até setembro, de 6,43 por cento, é quase a mesma vista em 2011 todo (7,18 por cento).

No governo a avaliação é que a pressão de preços provocada pelo choque de commodities é passageira, com chances de ser encerrada ainda este ano.

O IBGE informou ainda que o grupo habitação também influenciou a alta do IPCA no mês passado, cujos preços avançaram 0,71 por cento, acima do 0,22 por cento visto em agosto.

O grupo despesas pessoais, também na variação mensal, apresentou alta de 0,73 por cento em setembro, enquanto que o de vestuários, de 0,89 por cento. Em agosto, os preços dessas atividades haviam subido 0,42 e 0,19 por cento, respectivamente.

Segundo o IBGE, o único grupo que mostrou queda nos preços em setembro foi o de transportes, de 0,08 por cento, frente a agosto.

 

MENOS SELIC?

O resultado do IPCA de setembro número reforçou parte das análises de que o Banco Central pode interromper o processo de queda da Selic, mas ainda há apostas de mais um corte.

A inflação cada vez mais longe do centro da meta do governo, de 4,5 por cento pelo IPCA, colabora para a perspectiva de que o BC irá manter a taxa básica de juros na atual mínima histórica de 7,50 por cento na reunião da próxima semana, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne novamente.

“O IPCA de setembro corrobora que a inflação de demanda tende a continuar elevada e isso deve influenciar as decisões de afrouxamento monetário”, comentou o economista da Tendências Consultoria Thiago Curado, para quem a Selic será mantida em 7,50 por cento.

Para o economista-chefe da corretora ProsperPlanner, Eduardo Velho, as pressões de preços sobre os alimentos tendem a se repetir em outubro. “Acho muito difícil a inflação recuar neste fim de ano e isso favorece a estabilidade da Selic”.

Entretanto, dados da produção industrial abaixo do esperado nesta semana deram o pontapé para elevar as apostas no mercado futuro de juros em mais um corte de 0,25 ponto percentual, algo que vem se acentuando nos últimos dias. Nesta sexta-feira, por exemplo, mais de 90 por cento delas indicavam esse movimento.

Pesquisa da Reuters apontou que a maioria dos especialistas consultados acredita na manutenção da taxa básica de juros em 7,5 por cento, com o objetivo de evitar uma inflação ainda maior em 2013.

Após promover o nono corte seguido na Selic em agosto, processo que começou um ano antes para incentivar a atividade econômica, o Copom deixou claro que, se houver espaço para um novo corte, ele será feito com “máxima parcimônia”.

Em seu Relatório Trimestral de Inflação, o Banco Central estimou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará em 5,2 por cento neste ano pelo cenário de referência. (reportagem adicional de Diogo Ferreira Gomes, no Rio de Janeiro, e Luciana Otoni, em Brasília)

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