Banco Central atua 2 vezes, mas dólar sobe
O dólar encerrou em alta frente ao real nesta segunda-feira, 10, apesar de o Banco Central ter atuado duas vezes no dia para segurar a valorização da divisa.
A moeda dos Estados Unidos ganhou 0,71 por cento, cotado a 2,1479 reais na venda reagindo às maiores expectativas de redução do estímulo monetário pelo Federal Reserve depois que a Standard & Poor’s melhorou a perspectiva do rating do país.
Contribuiu para a alta da taxa de câmbio sinais de desaceleração da China, que pressionou moedas ligadas a commodities.
Na máxima da sessão, pouco antes da primeira intervenção do BC, a divisa dos EUA chegou a atingir 2,1600 reais no intradia pela primeira vez desde abril de 2009.
“Existe uma apreciação da moeda americana em todo mundo, nem duas atuações do BC no mercado mudam isso”, afirmou o especialista em câmbio da Icap, Ítalo dos Santos.
No início da tarde, o BC anunciou o primeiro leilão de swap cambial tradicional – que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro -, ofertando até 40 mil contratos com vencimentos em 1º de julho e 1º de agosto deste ano, mas cotação da divisa norte-americana desacelerou pouco.
Depois, o BC realizou novo leilão nas mesmas condições do primeiro, mas melhorou os termos da negociação, segundo operadores, conseguindo fazer com que o dólar reduzisse mais a alta ante o real.
Na primeira oferta, foram vendidos 20 mil contratos com taxa nominal de 6,0392 por cento no vencimento de 1º de julho e 3,1268 por cento no contrato para 1º de agosto. No segundo, o mercado adquiriu 22,5 mil contratos com taxas de 11,2612 por cento e 5,3655 por cento, respectivamente.
“Na hora que viu que ele tinha feito só metade daquele primeiro lote, o mercado reagiu comprando dólares novamente por entender que o BC, ao não aceitar uma taxa melhor no primeiro leilão, não estava sendo tão agressivo”, disse um operador de grande banco, lembrando que esse cenário mudou no segundo leilão.
NOVO PATAMAR?
Segundo Santos, da Icap, as intervenções do BC indicam que o patamar de 2,16 reais é uma barreira técnica importante, mas ainda é cedo demais para identificá-la como um novo teto defendido pela autoridade monetária.
“A gente não pode ficar focado em que ele vai atuar no nível de 2,16 reais, que foi o que ele fez nas últimas atuações, mas existe uma defesa desse patamar”, afirmou.
A última vez que o BC fez dois leilões de swap num mesmo pregão foi dia 26 de dezembro, quando a moeda rondava 2,08 reais.
“Ficou claro que essa atual taxa (do dólar) não interessa porque ela anula o esforço do aumento na taxa de juros para controlar a inflação”, afirmou o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, referindo-se à Selic, atualmente em 8 por cento.
Analistas afirmavam que enquanto o governo mantiver a cobrança de IOF sobre derivativos, a cotação não cederá, porque é esse controle de capital que tem evitado um maior fluxo da divisa para o mercado de câmbio.
RATING
A S&P melhorou nesta segunda-feira a perspectiva do rating dos Estados Unidos para “estável” ante “negativa”. O rating soberano da maior economia do mundo é “AA+”, segunda maior classificação.
O dólar vem ganhando força no mundo todo devido a perspectivas de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, comece a diminuir seu programa de estímulo monetário, o que reduziria a oferta de dólares nos mercados internacionais.
Dados econômicos ruins da China divulgados no final de semana pressionavam moedas ligadas a commodities, como é o caso do real.
“A China hoje não ajudou muito… E se você olhar o panorama externo, o nosso mercado acompanha”, afirmou o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. (reportagem adicional de Natália Cacioli)