Cielo vê expansão de setor de cartões entre 15% e 19%
A Cielo, maior processadora de meios de pagamento do país, acredita que a indústria poderá crescer até 19 por cento em 2013, em um momento que a concorrência tende a ficar mais desafiadora e pressionar margens.
A companhia trabalha com um cenário de crescimento entre 15 e 19 por cento na indústria de meios de pagamentos eletrônicos em 2013, informou o presidente da companhia, Rômulo de Mello Dias, nesta quarta-feira, 24.
“Se olharmos para o PIB no ano que vem, obviamente dá para dizer que vai ser melhor do que foi este ano. Porém, a penetração dos meios de pagamento eletrônicos acreditamos que vai continuar crescendo em termos de ‘mid-teens’ (cerca de 15 por cento)”, disse Dias, mais cedo nesta quarta-feira, em teleconferência com analistas sobre resultado divulgado na véspera.
“Seria desafiador a indústria apresentar um crescimento acima de 20 por cento (…) Estimamos algo entre ‘mid-teens’ e ‘high-teens’ para a indústria”, acrescentou.
Segundo o executivo, a dinâmica competitiva do setor de pagamentos eletrônicos está se mostrando “mais desafiadora” diante da entrada de novos competidores como a Elavon, mas que a Cielo continua “absolutamente confiante em nosso modelo de negócio e nas parcerias estabelecidas”.
Ele manteve estimativa de queda de 5 a 7 pontos básicos na taxa líquida de desconto, cobrança da empresa de cartões sobre cada transação registrada pelos lojistas que usam sua máquina de pagamento, até o final do próximo ano. No terceiro trimestre, o chamado “MDR” ficou em 103 pontos.
Dias reconheceu que as margens da companhia ficarão pressionadas com o maior número de concorrentes. “Percentualmente falando, (a Cielo) apresentará menores margens, Mas o crescimento será bastante robusto, ainda é um negócio bastante interessante”, disse a jornalistas.
A Cielo encerrou o terceiro trimestre com uma taxa de penetração de terminais de pagamento sem fio de 44 por cento, acima dos 42 por cento do segundo trimestre e dos 31 por cento do mesmo período do ano passado.
Apesar da empresa preferir um crescimento da base de terminais fixos, que não sofre problemas com sinal de conexão de operadoras de telefonia móvel, Dias afirmou que a demanda dos lojistas por aparelhos sem fio está crescendo pela comodidade propiciada por eles, que têm aluguel maior que o dos fixos.
“No nosso plano de negócios, banda larga era prioridade, porém quando conversamos com clientes, o cliente prefere o ‘wireless’ pela comodidade (…) por isso acreditamos que tem potencial de crescer percentualmente em nossa base.”
O presidente da Cielo afirmou ainda que a empresa não espera que o aluguel unitário dos terminais cresça nos próximos trimestres por conta da competição maior no mercado, principalmente no pequeno e médio varejo, “sobretudo por ofertas mais agressivas de nossos principais concorrentes”.
Apesar disso, ele disse que a receita nominal como um todo deve avançar, apoiada no crescimento do mercado.
BÔNUS NO EXTERIOR
A companhia, que anunciou a aquisição da norte-americana Merchant e-Solutions (MeS) em julho, está avaliando emissão de dívida de longo prazo no exterior para melhorar a estrutura de capital após empréstimo-ponte acertado para a compra do ativo.
Segundo o vice-presidente financeiro, Clovis Poggetti Junior, “com a aquisição da MeS a empresa passou a ter ativo em dólar e a forma mais natural de ‘hedgear’ esse ativo é com um passivo em dólar, um ‘bond’, por exemplo, endereçaria esta questão”.
“Estamos considerando uma emissão de algo mais estruturado, de longo prazo, e estamos considerando essa emissão também sendo feita lá fora”, disse Poggetti, acrescentando que há uma janela de oportunidade de custo para uma eventual operação.
Dias acrescentou que há uma possibilidade de que a emissão, a primeira da companhia no exterior, seja realizada ainda em 2012. “Estamos ultimando as negociações sobre o tema (…) do montante ao prazo que sejam compatíveis com as nossas necessidades”, disse a jornalistas em teleconferência.
Às 15h21, as ações da Cielo tinham alta de 0,45 por cento, a 45,05 reais, enquanto o Ibovespa mostrava leve perda de 0,19 por cento.