Copom reduz Selic de 8,50% para 8% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira, por unanimidade, reduzir a Selic em 0,50 ponto percentual, para 8,0 por cento ao ano, confirmando as expectativas do mercado em meio a contínuos sinais de fraqueza da economia brasileira.
Com o corte, a taxa básica de juros atingiu novo nível recorde de baixa –o anterior era de 8,5 por cento.
“Neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária”, informou o Copom por meio de nota, repetindo o texto do comunicado anterior, de maio.
Trata-se do oitavo corte seguindo feito pelo Copom desde agosto passado, quando começou o processo de afrouxamento monetário. Ao todo, as reduções já somam 4,50 pontos percentuais e têm como objetivo ajudar a estimular a cambaleante economia brasileira.
Pesquisa da Reuters mostrou na semana passada que os 42 analistas consultados previam corte de 0,50 ponto percentual na Selic agora.
Para agentes do mercado, o BC deve continuar reduzindo a Selic e boa parte deles acredita em mais um corte de 0,50 por cento em agosto, quando o Copom se reúne novamente. Alguns não descartam um avanço maior, com mais quedas em outubro.
“Eu espero outro corte de 0,5 ponto percentual em agosto. Agora, ir além dos 7,5 por cento, que o mercado está precificando, é possível desde que o quadro externo não dê sinais de melhora e aqui internamente continue nesse marasmo”, afirmou o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.
No mercado futuro de juros já há apostas de que o BC –além de reduzir em mais 0,50 ponto percentual o juro em agosto– também cortará em outubro.
Afetada pela crise internacional, a atividade não tem mostrado sinais claros de recuperação, mesmo com os diversos incentivos dados pelo governo, sobretudo para o setor industrial.
O próprio BC piorou suas projeções para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 3,5 para 2,5 por cento ao ano . O mercado é ainda mais cético e calcula expansão de apenas 2,01 por cento para o período.
À ESPERA DE UMA REAÇÃO
A visão do BC, e também do Ministério da Fazenda, é de que o nível de atividade vai reagir melhor no segundo semestre. O presidente do BC, Alexandre Tombini, chegou a afirmar que o Brasil estará crescendo a um ritmo de 4 por cento no fim do ano e acima de 4,5 por cento no primeiro semestre de 2013.
A última medida adotada pelo governo para estimular a economia foi a prorrogação da redução das alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bens da linha branca e de móveis, entre outros.
Os setores de serviços e de varejo eram a contrapartida positiva neste cenário, com desempenhos melhores. Nesta manhã, no entanto, o IBGE mostrou que as vendas no varejo recuaram 0,8 por cento em maio, pior resultado em três anos e meio e muito aquém do esperado pelos especialistas.
Outros bancos centrais também têm atuado para estimular a economia. Na semana passada, o Banco Central Europeu (BCE) e da China cortaram juros para ativar o nível de atividade.
“O setor externo tem letargia muito grande dado a Europa, que está num processo de contenção muito grande por conta da crise, a China em desaceleração e recuperação norte-americana muito ruim. Tudo isso tem contribuído para um processo desinflacionário na economia doméstica”, afirmou o economista da Austin Ratings Felipe Queiroz.
Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu apenas 0,08 por cento, acumulando em 12 meses alta de 4,92 por cento, cada vez mais próxima do centro da meta oficial do governo, de 4,5 por cento.
Para abrir espaço para mais cortes na Selic, o governo mudou em maio as regras de remuneração da poupança. Com a Selic igual ou inferior a 8,50 por cento ao ano, o rendimento da aplicação mais tradicional do país passa a ser de 70 por cento da taxa básica de juros mais a Taxa Referencial (TR).