Crédito acelera alta a 1,4% em outubro e inadimplência não cede
O mercado de crédito brasileiro acelerou o ritmo de expansão em outubro ao mesmo tempo em que as taxas de juros renovaram as mínimas históricas, mas a inadimplência continuava sem ceder, informou o Banco Central nesta quinta-feira, 29.
O crédito total disponibilizado pelo sistema financeiro no Brasil subiu 1,4 por cento em outubro, depois de ter expandido 1,16 por cento em setembro. Trata-se da maior variação desde junho deste ano, quando a alta foi de 1,5 por cento. Com isso, atingiu 51,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ou 2,269 trilhões de reais.
Dados divulgados pelo BC mostraram ainda que a inadimplência ficou em 5,9 por cento no mês passado, mesmo patamar pelo quarto mês consecutivo. O principal vilão tem sido o calote nos financiamentos de automóveis que, em outubro, tiveram pequeno recuo sobre o mês anterior, passando de 6 para 5,9 por cento.
“Para não dizer que tudo são flores, a inadimplência manteve-se estável, mas prevemos uma redução ainda este ano tendo em vista o crescimento da renda e redução da taxa de juros”, voltou a repetir o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
A inadimplência tem deixado os bancos privados reticentes na concessão de crédito, reduzindo suas participações no mercado de crédito. Segundo o BC, a fatia relativa dos bancos privados nacionais, por exemplo, caiu de 37,2 para 36,7 por cento no mês passado.
Já os bancos públicos – que têm sido usados pelo governo para ajudar na redução dos juros – elevaram seu peso no mercado, chegando a 46,7 por cento no mês passado, ante 46,1 por cento em setembro.
O BC informou também que o spread – diferença entre o custo de captação do banco e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor final – atingiu 22,0 pontos percentuais em outubro, contra 22,3 pontos no mês anterior. Foi o oitavo mês seguido de queda, período em que o BC fez importantes reduções na Selic.
Com isso, a taxa média de juros atingiu novo recorde de baixa ao chegar a 29,3 por cento ao ano, baixa de 0,6 ponto percentual sobre setembro, também o oitavo mês seguido de queda. Para pessoa física, a taxa caiu 0,4 ponto percentual, para 35,4 por cento em outubro e, para empresas, a queda foi de 0,5 ponto, para 22,1 por cento. Ambas são as menores da série histórica do BC iniciada em 2000.
Desde agosto de 2011, o BC reduziu a Selic por dez vezes seguidas, levando-a para a mínima histórica de 7,25 por cento ao ano. Na noite de quarta-feira, a autoridade monetária interrompeu esse ciclo ao manter a taxa básica de juros neste patamar.