Dólar acelera alta após ata do Fed e fecha a R$ 1,9660
O dólar encerrou em alta frente ao real nesta quarta-feira, 20, acelerando ganhos perto do fim do pregão após a publicação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) indicando que do Federal Reserve, banco central norte-americano, pode reduzir ou interromper a compra de bônus antes do esperado.
A moeda norte-americana fechou com alta de 0,56 por cento, a 1,9660 real na venda. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 3,457 bilhões de dólares.
A ata da reunião de janeiro mostrou que alguns membros do Fomc consideram interromper ou reduzir o programa de compra de bônus, mesmo antes de constatar melhora no mercado de trabalho, devido a temores sobre seus possíveis custos. Na reunião de janeiro, a instituição decidiu manter o ritmo de aquisição de ativos em 85 bilhões de dólares por mês.
“Várias palavras colaboraram para isso: alguns membros discutindo a eventual retirada da acomodação, mencionando que estariam prontos para reduzir o ritmo das compras já em março”, disse o economista-sênior do BES Investimento, Flavio Serrano.
“A leitura dos mercados foi de fortalecimento do dólar”, acrescentou.
Após a publicação da ata, o dólar ampliou os ganhos frente ao real e atingiu a máxima da sessão, a 1,9671 real, espelhando a apreciação da moeda norte-americana nos mercados externos.
A moeda operou com leve alta durante boa parte do pregão, num movimento identificado por analistas como ajuste técnico, após ter registrado forte queda nas últimas sessões. Desde o início do mês, o dólar acumula perda de 1,21 por cento frente ao real.
O mercado tem interpretado que o Banco Central está tolerando a queda do dólar para ajudar a conter as pressões inflacionárias. A divulgação da inflação oficial de janeiro, que registrou a maior alta em quase 8 anos, e declarações do presidente do BC, Alexandre Tombini, de que os preços ficarão pressionados no primeiro semestre, corroboraram para essa suposição.
No entanto, o BC evitou por duas vezes que o dólar caísse abaixo de 1,95 real nas últimas semanas, o que o mercado entendeu como um novo piso informal para a divisa.
“O mercado não vai só cair, mas a tendência é de baixa (para o dólar). Além disso, o mercado olha um pouco lá pra fora”, disse um operador de uma corretora em São Paulo, que pediu para não ser identificado, acrescentando que o dólar deve se acomodar em torno dos atuais níveis por algum tempo.
Segundo Serrano, da BES, o BC não deve permitir que o dólar caia muito abaixo desse patamar, para não prejudicar as exportações e a indústria local, o que comprometeria a frágil recuperação da economia.
Nesta manhã, o BC informou que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), desacelerou para alta de 0,26 por cento em dezembro ante novembro e encerrou 2012 mostrando crescimento no ano de 1,35 por cento, segundo dados dessazonalizados. Analistas esperavam alta de 0,4 por cento em dezembro.