Dólar atinge maior cotação em mais de 4 anos
O dólar fechou no maior nível em mais de quatro anos ante o real nesta quarta-feira, 10, apesar da intervenção do Banco Central no mercado de câmbio, sob a perspectiva de saída de investidores estrangeiros do país.
A moeda norte-americana subiu 0,48 por cento para 2,2729 reais na venda, o mais alto nível de fechamento desde o início de abril de 2009, durante a crise financeira internacional desencadeada pela quebra do Lehmann Brothers em setembro de 2008. Na máxima do dia, o dólar atingiu 2,2809 reais.
“Tem espaço para a cotação seguir puxado, o próximo patamar de resistência é 2,30 (reais). Enquanto o mercado brasileiro continuar pouco atrativo ao estrangeiro, ele vai continuar tirando recursos daqui”, afirmou o analista de câmbio da XP Investimentos, Caio Sasaki.
O volume das negociações ficou em cerca de 1,5 bilhão de dólares, segundo dados da BM&F. No mercado futuro, o dólar para agosto deste ano estava em alta de 0,22 por cento, para 2,281 reais.
Logo depois de o dólar atingir a máxima do dia, o BC entrou no mercado com uma oferta de swap cambial tradicional –equivalente à venda de dólares no mercado futuro–, no valor de 1,5 bilhão de dólares. Foram vendidos 29.700 contratos com vencimentos em 2 de dezembro de 2013 e 2 de janeiro de 2014, da oferta total de 30 mil papéis.
“Não adianta o Banco Central ofertar dólar no mercado futuro porque a demanda é compradora”, afirmou o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme.
Na visão de Sasaki, a maior demanda compradora é de estrangeiros desfazendo de posições, sobretudo na Bovespa, para migrar suas aplicações para Estados Unidos por conta da possibilidade de o Fed reduzir o programa de estímulo monetário.
Nem a sinalização por parte do banco central norte-americano de que os estímulos monetários podem vigorar por mais tempo deu fôlego ao real nesta sessão.
A ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed mostrou que cresceu o consenso dentro da autoridade monetária sobre a provável necessidade de começar a reduzir as medidas de estímulo econômico em breve. A ata também mostrou, no entanto, que muitos membros querem mais garantias de que a recuperação do emprego está sólida antes de uma redução das compras de ativos.
Além disso, os investidores também esperavam o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro. A expectativa é de que a Selic, atualmente em 8,0 por cento ao ano, deve ser elevada em 0,5 ponto percentual.