Dólar cai 0,15% ante o real, com mercado atento ao BC
O dólar caiu ante o real nesta quarta-feira, 14, interrompendo cinco sessões consecutivas de alta, com sinal de que o Banco Central estaria disposto intervir para não deixar a moeda norte-americana ultrapassar o teto informal de 2,10 reais.
Além disso, os investidores continuam preocupados com a situação fiscal dos Estados Unidos e com a Grécia.
A moeda norte-americana caiu 0,15 por cento, encerrando a 2,0660 reais na venda. Durante o dia, a moeda oscilou entre 2,0565 reais, chegando a cair 0,61 por cento, e 2,0720 reais.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,419 bilhão de dólares, novamente mostrando baixo volume.
Há a avaliação no mercado de que, apesar da queda desta sessão, o dólar pode voltar a subir dependendo do quadro internacional e testando se a autoridade monetária realmente vai atuar para impedir uma puxada maior.
“O mercado pode voltar a testar o teto de 2,10 reais ainda, aproveitando a volatilidade dos últimos dias. A queda de hoje foi pequena”, disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
No entanto, Galhardo ainda lembra que, com feriado de Proclamação da República na quinta-feira no Brasil e mais um feriado em alguns estados na terça-feira, o mercado de câmbio pode continuar apresentando baixo volume negócios e voltar a ter uma menor volatilidade.
Desde o início do mês, a divisa dos EUA já registrou valorização de 1,76 por cento ante o real, com o movimento de alta desencadeado pelas preocupações com o cenário externo.
A crise da dívida da zona do euro voltou para o foco dos investidores, depois que os credores internacionais da Grécia não fizeram o desembolso da parcela que o país esperava usar para refinanciar 5 bilhões de euros de sua dívida na sexta-feira.
O mercado também continuava pressionado por preocupações com o abismo fiscal dos Estados Unidos, cerca de 600 bilhões de dólares em aumentos de impostos e cortes de gastos planejados para o ano que vem que ameaçam colocar a maior economia do mundo em recessão.
Apesar disso, o euro avançava cerca de 0,30 por cento em relação ao dólar depois que a vice-chairman do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou na terça-feira que as taxas de juros podem precisar ficar próximas de zero até o começo de 2016 para impulsionar a criação de empregos.
A recente valorização do dólar – que ficou em torno de 2,02 e 2,03 reais por meses – acendeu o sinal amarelo do mercado de que o BC poderá voltar a atuar na ponta vendedora para segurar uma apreciação excessiva da divisa e, portanto, possíveis repasses à inflação.
A última vez que a autoridade monetária realizou swap cambial tradicional, equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro, foi no final de junho, quando o dólar chegou a bater 2,10 reais.
Operadores acreditam que o patamar de 2,08 reais já deverá chamar a atenção do BC para uma fazer uma possível intervenção.
Mais cedo, o dólar chegou a recuar mais e a queda refletiu uma sinalização de que o BC não irá deixar o dólar ultrapassar 2,10 reais, como se especulou no mercado nos últimos dias.
De acordo com uma fonte da autoridade monetária, o BC não vai rolar os dois vencimentos de swap cambial reverso de dezembro e janeiro, mostrou uma matéria da Agência Estado divulgada na véspera.