Dólar fecha quase estável com cautela após ata do Fed
O dólar fechou praticamente estável ante o real nesta sexta-feira, 4, com o mercado mostrando cautela diante das dúvidas sobre a continuidade do mais recente programa de estímulo do banco central dos Estados Unidos.
Por outro lado, a maior entrada de divisa estrangeira no país neste início de ano, depois do período de maior escassez visto no fim de 2012 e das medidas cambiais adotadas pelo governo, segurou o movimento de alta do dólar.
A moeda norte-americana encerrou com leve alta de 0,03 por cento, cotada a 2,0358 reais na venda. Durante o dia, a moeda oscilou entre a máxima de 2,0507 reais, logo na abertura da sessão, e a mínima de 2,0338 reais durante a tarde. Na semana, a divisa acumulou perdas de 0,44 por cento frente ao real.
Segundo dados da BM&F, o volume negociado foi de 1,904 bilhão de dólares.
“O mercado acreditou que o Fed poderia acabar com o quantitative easing (rodada de compra de ativos) e isso tende a valorizar o dólar, a lógica seria essa. No entanto, o mercado brasileiro está sob um forte intervenção cambial”, disse o economista-chefe da CM Capital Markets, Darwin Dib.
O sentimento dos investidores foi abalado no final da tarde de quinta-feira depois que a ata da última reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, mostrou que membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) consideraram apropriado reduzir ou interromper o programa de compra de ativos bem antes do fim de 2013.
Uma interrupção da compra de ativos pelo Fed reduziria a liquidez nos mercados, estimulando, consequentemente, a alta do dólar.
Dados de emprego dos Estados Unidos divulgados nesta sexta-feira chegaram a diminuir um pouco as preocupações do mercado e a busca por dólares, mas não o suficiente para que a moeda norte-americana caísse em relação ao real.
Apesar dessa pressão de alta, o economista-chefe da CM Capital Markets lembra que o Banco Central brasileiro tem atuado fortemente para conter variações excessivas da moeda, indicando ainda que não quer um dólar mais forte com receio de impactos na inflação.
Para ele, as intervenções no câmbio também trazem o efeito de uma menor volatilidade para o mercado.
“Ninguém se arrisca muito a operar no mercado de câmbio e a volatilidade tende a diminuir”, afirmou.
Desde o início de dezembro, a autoridade monetária e o governo tomaram uma série de ações que favorecem a entrada de dólares no país, como medidas que envolvem o pagamento antecipado de exportações e o prazo de empréstimos externos.
Diante dessas ações, a expectativa é de aumento do ingresso de recursos no país.
Dados do fluxo cambial, divulgados na quinta-feira pelo BC, reforçaram essa expectativa. O fluxo ficou positivo em 312 milhões de dólares na semana passada, puxado principalmente por entrada de divisas pela conta comercial, após uma forte saída da divisa na semana anterior.