Dólar recua 0,56% com plano do BCE e dados de emprego dos EUA
O dólar encerrou em queda ante o real nesta quinta-feira, 6, pela segunda sessão seguida, com maior otimismo nos mercados após o anúncio do novo programa de compra de títulos do Banco Central Europeu (BCE) e dados positivos sobre emprego nos Estados Unidos.
A moeda norte-americana fechou com desvalorização de 0,56 por cento, a 2,0285 reais na venda, acelerando suas perdas perto do final da sessão. A mínima do dia foi de 2,0281 reais, enquanto a máxima atingiu 2,0430 reais. Na semana, o dólar acumulou queda de 0,10 por cento.
Caso o bom humor entre os investidores permaneça e o programa do BCE traga maior liquidez, operadores acreditam que o dólar pode voltar aos poucos a se aproximar dos 2 reais.
No entanto, ponderam que ainda é cedo para analisar o impacto da medida da autoridade monetária europeia, e que há receio de atuação do Banco Central brasileiro quando a moeda chega perto desse patamar.
“Talvez seja cedo para avaliar essa medida do BCE e se ela vai ter o efeito esperado. Temos que ver sua implementação. Mas ela pode trazer uma maior liquidez. Se havia investidores indecisos em voltar para o mercado, eles podem voltar e correr atrás de pechinchas”, disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora de Câmbio, Reginaldo Galhardo.
Às 17h58, o dólar tinha queda de 0,16 por cento ante uma cesta de divisas, enquanto o euro tinha alta de 0,25 por cento ante a moeda norte-americana.
O BCE anunciou nesta quinta-feira os detalhes de seu novo programa de compra de títulos potencialmente ilimitado para reduzir os custos de financiamento de países da zona do euro e conter a crise da dívida na região.
A notícia impulsionou altas superiores a 2 por cento nos mercados acionários e queda do dólar ante outras moedas, junto ainda com dados mais positivos sobre a economia norte-americana.
Os empregadores do setor privado norte-americano criaram 201.000 empregos em agosto, número acima do esperado, e os novos pedidos de auxílio-desemprego caíram na semana passada para o menor nível em um mês.
Investidores aguardam ainda novos dados de emprego a serem divulgados na sexta-feira, sobre número de folhas de pagamento fora do setor agrícola, para confirmar a sinalização de melhora da economia nos EUA, acrescentou o gerente de câmbio Galhardo.
A criação de empregos é um ponto sempre destacado pelo Federal Reserve, banco central norte-americano, e decisivo para que adote ou não medidas de estímulo monetário.
Caso os dados da sexta-feira mostrem uma recuperação consistente dos EUA, junto com o anúncio do BCE, Galhardo acredita que há possibilidade de que o dólar volte a se aproximar do piso informal de 2 reais. Mas lembra que nesse nível ainda receio de atuação do Banco Central brasileiro.
CAPTAÇÕES EXTERNAS
Mais um fator que pode pressionar a moeda norte-americana para baixo são as captações de empresas brasileiras no exterior, com entrada de mais recursos no país.
“Ainda existem vantagens em se fazer boas captações com custo barato. O juro da emissão do Tesouro, por exemplo, foi recorde, e pode ser que outras empresas aproveitem essa janela de oportunidade”, disse o gerente de câmbio.
O Brasil concluiu nesta quinta-feira a emissão do bônus Global com vencimento em 2023, chegando a um total de 1,35 bilhão de dólares, informou o Tesouro Nacional.
O bônus foi emitido com spread de 1,10 ponto percentual acima do Treasury de 10 anos. O rendimento foi de 2,686 por cento e foi vendido a 99,456 por cento do valor de face.
Também nesta quinta-feira o Santander Brasil precificou a reabertura de seu bônus 2017, captando 500 milhões de dólares. Na véspera, a mineradora Vale confirmou a precificação da emissão de 1,5 bilhão de dólares em bônus de 30 anos.