Dólar sobe 0,21% e atinge máxima em mais de 4 meses
O dólar fechou em alta ante o real pela quarta sessão consecutiva nesta segunda-feira, 12, chegando ao maior nível em mais de quatro meses e de volta ao patamar de 2,05 reais, com clima ainda de cautela no cenário externo e baixo volume de negócios.
A moeda norte-americana avançou 0,21 por cento, encerrando a 2,0515 reais na venda. Trata-se da maior cotação desde o dia 28 de junho, quanto fechou a 2,0762 reais, e a primeira vez que voltou nível de fechamento de 2,05 reais desde o dia 2 de agosto, quando ficou em a 2,0507 reais.
Segundo dados da BM&F, o volume negociado foi de 1,056 bilhão de dólares nesta sessão, abaixo dos cerca de 2 bilhões de dólares vistos nos últimos dias.
As questões fiscais dos Estados Unidos e da Grécia têm trazido maior aversão ao risco nos mercados e pode continuar a pressionar o dólar para cima nos próximos dias.
A recente elevação da moeda também deixa o mercado em alerta sobre a possibilidade de o Banco Central voltar a atuar vendendo dólares, mas na avaliação de operadores, isso só aconteceria no caso de uma alta mais brusca da moeda ou próximo do patamar de 2,10 reais.
“Lá fora, a Grécia já conseguiu aprovar medidas de austeridade e deve obter um prazo maior para atingir suas metas, mas a crise não vai acabar agora”, disse o superintendente de câmbio da Intercam Corretora, Jaime Ferreira, acrescentando que a situação fiscal nos Estados Unidos também pesa.
Apesar da expectativa de que a Grécia receba dois anos extras para alcançar suas metas de superávit orçamentário, o país não deve ter a próxima parcela de ajuda internacional. Ministros de finanças da zona do euro estão discutindo a questão em reunião em Bruxelas nesta segunda-feira.
Nos EUA, por sua vez, o Congresso do país precisa entrar em acordo para evitar 600 bilhões de dólares em aumentos de impostos e cortes de gastos federais previsto para ocorrer no começo do ano que vem, o chamado abismo fiscal.
Além do cenário externo, Ferreira ainda destacou o fato da semana ter poucos dias úteis, com feriado da Proclamação da República no Brasil na quinta-feira, o que faz com investidores prefiram não arriscar ou mudar de posições. E, nesta segunda-feira, foi feriado nos Estados Unidos, com o Dia dos Veteranos, que também ajudou a reduzir a liquidez.
Mais uma pressão de alta para o dólar é o fluxo cambial, que tem sido negativo e pode continuar, já que no final do ano é comum uma maior saída de dólares de países emergentes, com filiais mandando remessas para suas matrizes no exterior.
Entre os dias 22 e 26 de outubro, por exemplo, o fluxo cambial ficou negativo em 2,333 bilhões de dólares, levando o acumulado do mês passado a um déficit de 748 milhões de dólares.
ATUAÇÃO DO BC
Diante dessa elevação da moeda, o mercado fica de olho em uma possível atuação do BC, para evitar altas excessivas. A última vez em que a autoridade monetária fez um leilão de swap cambial tradicional – operação que equivale a venda de dólares no mercado futuro – foi no mês de junho, quando a moeda chegou a bater 2,10 reais.
Com as atuações do BC na época, o dólar voltou a cair, chegando no começo de julho a fechar abaixo de 2 reais. Diante disso, o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, afirmou que o dólar abaixo de 2 reais não era bom para a indústria, num recado claro que as autoridades iriam agir para garantir a moeda norte-americana acima desse nível.
Essa vigilância reduziu drasticamente a volatilidade e o volume do mercado de câmbio recentemente, deixando o dólar próximo de 2,02 e 2,03 reais por vários meses.