Dólar sobe 0,36% com piora externa
O dólar fechou em alta ante o real nesta terça-feira, 8, voltando a se afastar do nível de 2 reais, diante da piora do humor externo e de notícia de que o Banco Central não rolaria os leilões de linha que anunciou no final do ano passado.
A moeda norte-americana fechou em alta de 0,36 por cento, para 2,0379 reais na venda. Durante o dia, oscilou entre 2,0210 reais, logo na abertura da sessão, e 2,0414 reais.
Segundo dados da BM&F, o volume negociado foi de cerca de 2,486 bilhões de dólares.
Boatos de que o rating da França, segunda maior economia da zona do euro, poderia ser rebaixado chegaram a afetar os mercados, que pioram durante à tarde. O dólar, que de manhã mostrou queda, passou a subir ante o real.
Apesar de autoridades francesas terem dito que os boatos são falsos, as bolsas continuaram em queda e o dólar em alta ante a maioria das divisas, com investidores preocupados ainda com o início da temporada de balanços corporativos nos Estados Unidos, cujas expectativas não são muito otimistas.
“Em um primeiro momento, o dólar deu uma puxada com rumores de que o rating da França seria rebaixado”, disse o operador do Banco Daycoval, Luiz Fernando Gênova, acrescentando que a alta acabou sendo acentuada por notícia de que o BC não estaria disposto a renovar os leilões de linha.
Segundo reportagem da Agência Estado, uma fonte do BC informou que, com o patamar da taxa de câmbio em torno de 2,02 reais naquele momento, a autoridade monetária não rolaria os leilões de venda de dólares conjugados com compra – chamados de leilões de linha – que vencem nos próximos 60 dias.
Na avaliação do mercado, isso indica que o BC não quer uma queda maior do dólar e, por isso, não deixaria a moeda norte-americana recuar para perto de 2 reais.
Em dezembro do ano passado, o BC intensificou sua atuação e fez uma série de leilões de linha com o objetivo de dar maior liquidez no mercado em um período de maior escassez da divisa.
O BC pode recomprar o montante que vendeu anteriormente ou rolar os leilões, o que funcionaria como uma renovação da linha. Na avaliação de operadores, ao mesmo tempo que o BC pode não estar mais vendo necessidade de dólares no mercado, ele pode estar indicando, com a notícia, que não quer o dólar mais baixo e voltando a cair próximo ao piso informal de 2 reais.
“Pode ser um indicador que esse nível próximo de 2 reais também seria algo que o BC não quer”, disse o operador de um banco nacional, em condição de anonimato.
O mercado já estava em alerta sobre uma possível atuação do BC para evitar que o dólar caísse mais. Na véspera, a moeda havia fechado no menor nível em mais de dois meses, a 2,0305 reais na venda, e toda vez que a moeda ameaçou a romper o patamar de 2 reais, o BC entrou no mercado.
No entanto, as atuações mais recentes do BC foram no sentido oposto, realizando leilões de swap cambial tradicional –que equivalem a venda de dólares no mercado futuro. A última foi no dia 26 de dezembro, quando a moeda estava em cerca de 2,07 reais, o que levou o dólar a recuar.
Desde então, o mercado a acredita que a autoridade monetária prefere o dólar abaixo de 2,05 reais como forma de reduzir o impacto na inflação. Boa parte dos analistas vê a moeda oscilando entre 2 e 2,05 reais no curto prazo, numa banda informal.
ALTA PONTUAL
Apesar da alta vista nesta sessão, há operadores que acreditam que o movimento foi pontual e o dólar pode voltar a cair com o mercado testando o BC e com um maior fluxo de entrada de divisas no país.
A avaliação é que o Brasil deve voltar a receber mais dólares, com o fim da pressão típica de final de ano com envios mais pesados de remessas de lucros e dividendos para o exterior, além do impacto de medidas tomadas recentemente pelo governo, que também favorecem a entrada da divisa.