Dólar sobe 1,95% em julho
Com o mercado de olho em uma possível atuação do Banco Central para rolar contratos de swap cambial que vencem no dia 1º de agosto, o que acabou não acontecendo até o fechamento do pregão dessa terça-feira, 31, o dólar encerrou em alta ante o real pelo terceiro dia seguido.
A moeda norte-americana fechou com valorização de 0,52 por cento, a 2,0490 reais na venda. Em julho, o dólar fechou com ganho de 1,95 por cento, “preso” na banda informal de 2 a 2,10 reais imposta pelo próprio BC, segundo avaliações dos profissionais do mercado.
Pesou também a expectativa de mais ações de estímulos de bancos centrais espalhados pelo mundo.
Em junho a moeda havia caído 0,38 por cento, depois que o BC fez diversas atuações por meio de leilões de swap tradicional, operação que equivale a venda de dólares no mercado futuro. Mesmo assim, no semestre, o dólar acumula ganhos de 9,66 por cento ante o real.
“Ao longo do mês vimos basicamente a confirmação de que o dólar tende a ficar entre 2 reais e no máximo 2,10 reais. Vai ser difícil ser rompido no curto prazo, apenas com oscilações diárias que podem ser atribuídas a fatores externos”, disse o estrategista-chefe do banco Credit Agricole, Vladmir Caramaschi.
Nos últimos dias, o mercado trabalhou sob a expectativa de que o BC pudesse rolar os contratos de swap cambial tradicional que vencem nesta quarta-feira, no valor de 4,57 bilhões de dólares. Mas isso não ocorreu porque, na avaliação dos especialistas, não existe uma pressão maior sobre o dólar, cuja cotação está nos patamares desejados pela autoridade monetária.
O BC já deixou claro que não deseja o dólar abaixo de 2 reais. Quando a moeda chegou a ficar abaixo desse patamar, no início do mês, o diretor Política Monetária do BC, Aldo Mendes, declarou que a autoridade monetária poderia atuar comprando dólares no mercado futuro caso fosse necessário.
Isso porque, segundo ele, a moeda norte-americana abaixo de 2 reais não era bom para a indústria. Desde então, o dólar não voltou a cair para menos desse piso.
O mercado acredita que o BC também não quer o dólar acima de 2,10 reais, já que quando a moeda chegou próximo a esse patamar, atuou com leilão de swap tradicional na maioria das vezes.
Para o estrategista-chefe, a tendência é que o dólar também possa continuar se mantendo dentro dessa banda informal imposta pelo BC, a não ser que ocorram eventos que levem a uma grande melhora ou piora externa.
No exterior, os investidores têm ficados cautelosos, com expectativas sobre as reuniões do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira, e do Federal Reserve, banco central dos EUA, na quarta-feira, quando podem anunciar medidas de estímulo econômico.
O presidente do BCE, Mario Draghi, afirmou na semana passada que a autoridade monetária está pronta para fazer o que for necessário para preservar o euro, alimentando expectativas de que o banco pode reativar seu programa de compra de títulos como fez um ano antes, quando começou a adquirir dívida da Espanha e da Itália.
“A dúvida que fica é em relação ao cenário internacional, não vejo grandes avanço, têm a resistência da Alemanha… Com isso, acho que o dólar pode continuar nesse patamar, até no máximo até 2,10 reais”, acredita também o consultor de pesquisas econômicas do Banco de Tokyo-Mitsubishi Mauricio Nakahodo.