Dólar sobe quase 1% e volta a R$ 2,25
O dólar fechou com alta ante o real de quase 1 por cento nesta terça-feira, 2, voltando ao patamar de 2,25 reais, com os sinais de fraqueza da indústria brasileira, que alimenta o temor de saída de investidores do mercado local, e também com o mau humor externo.
A forte queda da produção industrial brasileira em maio, que coloca em dúvida a recuperação da atividade econômica, tornou-se a catalisadora da valorização do dólar desde o início da sessão, movimento que ganhou força nas últimas horas do pregão pelas forte quedas na Bovespa.
O dólar fechou em alta de 0,84 por cento, cotado a 2,2501 reais na venda, depois de chegar a 2,2543 reais na máxima do dia. O volume negociado no mercado, segundo dados da BM&F, estava em torno de 2,1 bilhões de dólares.
“O dólar está acompanhando o movimento internacional, mas foi exagerado pelo mau humor na Bovespa”, afirmou o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal.
O IBovespa chegou a recuar quase 5 por cento nesta segunda-feira, tragado pelo amplo movimento de vendas generalizadas, com as empresas “X”, do empresário Eike Batista, liderando as perdas.
O nervosismo do mercado apareceu logo no início da sessão, após a divulgação de que a produção industrial no país despencou 2 por cento em maio, bem abaixo das expectativas de analistas, puxada pelo tombo no segmento de bens de capital –uma leitura indicativa de investimentos.
“Os números da produção industrial não favoreceram e o mercado ficou um pouco nervoso. Esse resultado está mostrando que estamos em um novo patamar de PIB: o pibinho. E isso volta a pressionar o câmbio”, afirmou o superintendente de câmbio da Intercam, Jaime Ferreira.
A valorização da moeda estrangeira deixou operadores apreensivos durante todo o pregão em relação a uma possível atuação do Banco Central para tentar limitar a alta, o que acabou não se acontecendo. “É muito estranho o BC estar quieto”, resumiu o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca.
A última vez que o câmbio chegou a 2,25 reais foi no dia 20 de junho. Naquela ocasião, o BC realizou venda de swap tradicional -equivalente a oferta de dólares no mercado futuro– e dois leilões de linha, venda da divisa com compromisso de recompra.
No mercado externo, o dólar avançou diante de novos dados sobre a maior economia do mundo sustentar a visão de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, vai reduzir o programa de estímulo monetário.
Com isso, a divisa dos EUA atingiu durante a sessão o maior patamar em quatro semanas em relação ao euro e o maior em cinco semanas em relação a uma cesta de moedas.
Além disso, a divulgação do relatório de empregos dos Estados Unidos, com a taxa de desemprego do país em junho, na sexta-feira também deu fôlego ao mercado externo. Analistas consultados pela Reuters indicam que ela ficará em 7,5 por cento, um pouco menor do que os 7,6 por cento vistos no mês anterior.
O desemprego é uma das principais variáveis que o Fed está acompanhando para definir os próximos passos de sua política monetária.