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Economista da UFSCar traça análise sobre renda básica e política pública

Diretor do Centro de Ciências em Gestão e Tecnologia da UFSCar, Rodrigo Vilela Rodrigues avalia que auxílio emergencial é fundamental

04/04/2021 07h22 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Economista da UFSCar traça análise sobre renda básica e política pública Foto: Arquivo pessoal

O economista e diretor do Centro de Ciências em Gestão e Tecnologia da UFSCar, do Campus Sorocaba, Rodrigo Vilela Rodrigues traçou uma análise sobre os benefícios de renda básica como os auxílios de emergência financeira à população economicamente vulnerável e a política pública de longo prazo existentes no Brasil.

Para ele, não há dúvidas que o auxílio dessa natureza ativa a economia local e é fundamental para a geração de renda e emprego. Estudo do recém-criado Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da FEA-USP demonstrou que o PIB brasileiro poderia ter sofrido redução ainda maior, entre 8,4% e 14,8%, na ausência do auxílio emergencial. “Existem inúmeros estudos, no IPEA, por exemplo, que mostram que o Bolsa Família, um exemplo de extremo sucesso, gera renda em montante superior aos seus gastos, a chamada elasticidade-renda”.

A análise de Rodrigues indica que a política de transferência de renda, que por sua natureza não tem contrapartida em trabalho, prestado ao Estado por parte de quem a recebe, é alvo de muito preconceito. Esse tipo de política, de acordo com o economista, quando atende a interesses de longo prazo, como é o caso do Bolsa Família, mostra que, ao contrário do esperado, incentiva a busca por melhores oportunidades por parte dos beneficiários e não a perpetuação da dependência. “Em muitos casos, a renda oferecida tem como intuito retirar indivíduos da pobreza extrema e da linha de pobreza e não criar uma legião de preguiçosos, narrativa amarrada ao preconceito de classe e até gênero, pois são mulheres suas principais beneficiárias”.

Rodrigues explicou que o Bolsa Família pode, em alguns casos, ser um complemento de renda, por isso seu valor tem uma conotação diferente, por exemplo, dos auxílios emergenciais, em pauta atualmente. Experiência científica internacional mostra que há uma única solução para a redução da curva de vítimas da Covid-19 com as restrições de convívio social e fechamento parcial das atividades econômicas da cidade, associado a uma política de auxílio às famílias e às empresas. “Qualquer discurso diferente disso tem como base um negacionismo mentiroso”.

Para ele, o auxílio emergencial, pelo menos os R$ 600,00 iniciais, eram suficientes para comprar uma cesta básica em quase todas as capitais do Brasil. “O valor médio aprovado atualmente é muito pouco, não permite sequer que se alimente de pão e água, conforme malabarismos esdrúxulos que os grandes veículos de comunicação nacional tentam empurrar à população”.

O economista ressalta ainda que Estado não pode ter seu orçamento comparado ao de famílias comuns. Mesmo que municípios e estados da federação tenham dificuldade para se financiar em momento tão desafiador, o mesmo não vale para o governo federal, que pode se endividar, imprimir moeda, criar impostos aos mais ricos. “Enfim, o que o Brasil não pode é continuar incentivando o negacionismo e mentindo à sua população, principalmente a mais pobre, que sem um auxílio decente é abandonada à própria sorte em ônibus lotados e trabalhos precarizados”, finaliza.

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