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Empresariado contesta gangorra do dólar

22/05/2012 08h55 - Atualizado há 13 anos Publicado por: Redação
Empresariado contesta gangorra do dólar

O preço do dólar que atingiu ontem R$ 2,0301 foi registrado pelo Banco Central (BC) brasileiro como o mais alto desde julho de 2009. Empresários e diretores regionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) são unânimes no favorecimento do momento para a exportação, com a moeda estrangeira em alta.

Entretanto, a instabilidade do câmbio traz insegurança e reverte projetos de investimento na renovação do parque industrial e na compra de insumos para a finalização de produtos fabricados no País, tornando-os mais caros e fora da competição no mercado externo.

Para o diretor da Fiesp, regional de São Carlos, José Paulo Aleixo Coli, a indústria não se beneficia diretamente em uma relação causa e efeito com a baixa “momentânea” do dólar. “A política de gangorra não traz vantagens. Qual a tendência do câmbio?”, questiona Coli.

Na análise do diretor da Fiesp, os contratos firmados com o mercado externo ou com produtos nacionais de insumos para a indústria não se rompem da noite para o dia. “Não estamos vendendo pastel na feira onde se deixa de comprar de um para comprar de outro. No momento, com o preço dos insumos mais caros, o produto final produzido no Brasil perde competitividade”, sentencia Coli.

Já a diretora da regional do Ciesp de Araraquara, Eneida Miranda de Toledo, lembra que o dólar mais alto pode trazer o fantasma da inflação com o aumento do preço de produtos básicos. “Há também a desvantagem para o empresário que buscou no momento investir na modernização do parque industrial para tornar a produção mais competitiva. O maquinário importado acaba de ficar mais caro”, afirma.

Os diretores regionais foram unânimes nos benefícios para a exportação com a alta da moeda norte-americana na balança comercial da região.

Eneida classifica que o dólar dentro do patamar dos R$ 2,00 acaba protegendo a indústria nacional dos produtos importados, principalmente da China, que tem invadido o setor varejista, este que revende a produção manufaturada nos países asiáticos por preços muito abaixo dos que são fabricados no Brasil.

O forte e rápido ajuste de alta dos preços locais da moeda ontem acompanhou, em parte, a valorização do dólar no mercado internacional. No entanto, o ritmo abrupto da evolução de preço da moeda por aqui está parecendo com o comportamento visto na última sexta-feira à tarde, quando o dólar à vista no balcão acelerou os ganhos e atingiu máxima de R$ 2,057. Neste nível de preço, o Banco Central anunciou um leilão de venda de moeda no mercado futuro.

Empresariado de São Carlos relativiza alta

A alta do dólar é analisada por empresários de São Carlos que relativizam os efeitos da alta da moeda norte-americana. O preço do dólar atingiu ontem a casa dos R$ 2,0301, valorização que não ocorria desde julho de 2009.

O gerente de exportação da Tecnomotores, Diego Martins, afirmou que como o dólar se manteve baixo por um período de dois anos, a empresa optou em buscar insumos importados provocando um déficit entre o que importa e o que se exporta na Tecnomotores de 30%. “Com a alta do dólar temos de buscar os antigos parceiros nacionais para tentar manter nossos produtos competitivos no mercado”, reforçou, ao esclarecer que com a prática do dólar na casa dos R$ 1,70, como ocorreu desde 2009, os insumos importados para compor equipamentos manufaturados pela empresa eram muito mais atrativos financeiramente.

Martins também revela que esta alta não representa uma reposição nas perdas ocorridas com a exportação no período. “Para retomarmos ao patamar pré-crise econômica de 2008, a flutuação do dólar tem de se manter como está hoje por um longo período”.

Já o empresário da Agricorte, Emerson Chu, ressalta que as exportações em São Carlos são, na maioria, de produtos ligados à linha branca, atividade essa que mais está sofrendo com a entrada de produtos importados e uma demanda internacional que está enfraquecida pela instabilidade econômica mundial. Para sobreviver a este mercado, ele revela que se desenvolveu fornecimento de partes e peças que também vêm do exterior a custos muito inferiores aos nacionais para melhorar sua competitividade.

“Com um aumento do dólar de 2009 para 2012, estas empresas se tornaram em torno de 5% mais competitivas, talvez daí venha este aumento em 4% nas vendas. Nesta linha, onde a demanda externa tem um peso muito grande no balanço econômico da empresa, estão aquelas empresas ligadas a papel e celulose”, afirmou.

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