Focus calibra taxa em 14,75%
Mediana das previsões do relatório Focus do BC para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 seguiu em 3,49%
Eduardo Rodrigues/AE
A mediana das estimativas do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para a Selic no fim de 2025 seguiu em 14,75%. Na última reunião, de dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica para 12,25% ao ano e sinalizou mais dois aumentos de um ponto porcentual, que levariam a taxa a 14,25% em março do ano que vem, o maior nível desde 2016.
Considerando apenas as 86 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, a estimativa intermediária para a taxa básica de juros no fim de 2025 seguiu em 15,00%.
A estimativa intermediária para os juros no fim de 2026 passou de 11,75% para 12,00%, contra 10,50% de um mês antes. A projeção para o fim de 2027 continuou em 10,0%, ante 9,50% de quatro semanas atrás.
O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central reforçou o cenário de deterioração da inflação, já sinalizado na ata da última reunião do Copom, e firmou a percepção do mercado de que será preciso uma taxa de juros rodando acima de 13,75% – estimativa adotada como pico do juro básico no cenário de referência do RTI – para a convergência da inflação à meta de 3%
PIB
A mediana das previsões do relatório Focus do Banco Central para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 seguiu em 3,49%. Um mês antes, a estimativa era de 3,22%. Considerando apenas as 66 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a projeção continuou em 3,50%.
A estimativa intermediária para 2025 passou de 2,02% para 2,01%, contra 1,95% um mês antes. Levando em conta apenas as 65 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana continuou em 2,00%.
Os economistas do mercado revisaram a projeção de crescimento da economia para 2026, passando de 1,90% para 1,80%. Para 2027, a estimativa permaneceu em 2,0%, como já está há 75 semanas.
O Banco Central revisou recentemente a sua projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2024, elevando de 3,2% para 3,5%. A projeção para 2025 passou de 2,0% para 2,1%. Os números constam no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro.
DÓLAR
A mediana das previsões do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para a cotação do dólar no fim de 2024 passou de R$ 6,00 para R$ 6,05. Um mês antes, estava em R$ 5,70. A estimativa intermediária para o fim de 2025 aumentou de R$ 5,90 para R$ 5,96, na nona alta seguida. A projeção para o fim de 2026 subiu de R$ 5,84 para R$ 5,90 e, para o fim de 2027, seguiu em R$ 5,80.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
IPCA
A mediana das projeções do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 subiu pela 11ª semana consecutiva, e saltou de 4,84% para 4,96% – acima do teto da meta, de 4,50%. Um mês antes, a projeção era de 4,40%. Considerando apenas as 102 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana passou de 5,00% para 5,09%.
A partir do ano que vem, a meta será contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. O centro continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou menos (1,5% a 4,5%). Se a inflação ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o BC terá descumprido o alvo.
A estimativa intermediária para a inflação de 2024 passou de 4,91% para 4,90%, também acima do teto, de 4,50%. Quatro semanas atrás, estava em 4,71%. Levando em conta apenas as 103 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa passou de 4,94% para 4,90%.
A mediana para a inflação de 2026 passou de 4,0% para 4,01%, contra 3,81% de há quatro semanas. A projeção para 2027 passou de 3,80% para 3,83%, de 3,50% um mês antes.
O Comitê de Política Monetária (Copom) considera o segundo trimestre de 2026 como horizonte relevante da política monetária O colegiado espera um IPCA de 4,0% nos quatro trimestres fechados nesse período, no cenário com a taxa Selic do Focus e dólar começando em R$ 5,95 e evoluindo conforme a paridade do poder de compra (PPC).
Também no cenário de referência, o Banco Central espera que o IPCA termine 2024 em 4,90% e desacelere a 4,50% em 2025.