IBC-Br mostra que economia acelerou no 3º tri
A economia brasileira acelerou o passo no terceiro trimestre, mostrou nesta quarta-feira, 14, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), mas a fraqueza em setembro sugere que a recuperação ainda não ganhou força e levanta dúvidas sobre os investimentos.
O índice, considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 1,15 por cento entre julho e setembro ante o segundo trimestre, quando ele havia subido 0,61 por cento. Foi a terceira alta trimestral seguida.
Entretanto, em setembro a atividade deu sinais de fraqueza, com o IBC-Br caindo 0,52 por cento frente ao mês anterior segundo dados dessazonalizados, após cinco meses de alta. Em agosto, ela havia registrado expansão de 0,95 por cento.
Ainda assim, o resultado veio melhor que a mediana de 22 analistas consultados pela Reuters, que mostrava recuo de 0,60 por cento em setembro. As contas variavam de quedas de 1,20 a 0,20 por cento.
“Vemos uma recuperação, mas não tão forte como se imaginava antes,” disse o economista-chefe do Banco J. Safra, Carlos Kawall. “A grande incógnita é o investimento. Até agora não temos visto sinais de recuperação mais robusta no investimento”, acrescentou.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br avançou em setembro 2,39 por cento e, em 12 meses, acumula alta de 0,98 por cento, de acordo com dados dessazonalizados.
De acordo com nota do Bradesco, o resultado de setembro é reflexo do desempenho fraco das vendas no varejo e da retração da produção industrial naquele mês.
Assim, a leitura “reforça nossa expectativa de expansão do PIB ao redor de 1 por cento no terceiro trimestre em relação ao período anterior”, completou a nota assinada pelo diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos, Octavio de Barros.
“Para outubro, o crescimento apresentado pelas vendas de veículos e a alta esperada para a indústria apontam para continuidade do processo de recuperação gradual da economia”, completou.
A indústria continua no topo das preocupações no que se refere à recuperação da atividade econômica, depois de a produção do setor ter recuado 1 por cento em setembro, no pior resultado em oito meses.
Além disso, o setor de varejo corroborou a falta de força da atividade, com as vendas avançando apenas 0,3 por cento em setembro, a menor alta para esses meses desde 2005. E os analistas ainda preveem um crescimento pequeno das vendas no final deste ano.
Diante dos dados desanimadores, analistas passaram a encarar com cautela a expectativa de uma retomada da atividade no final deste ano, após um início de 2012 fraco por conta da crise internacional.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, repetiu nesta semana que o crescimento econômico brasileiro voltou a avançar no segundo semestre deste ano, e terá condições de ficar acima de 4 por cento em 2013.
De acordo com relatório Focus do BC, analistas preveem que a expansão do PIB neste ano deve atingir apenas 1,54 por cento, acelerando a alta a 4 por cento em 2013.
Essa incerteza sobre a recuperação fez com que o mercado reduzisse a projeção para a Selic em 2013, estimando agora que a taxa básica de juros permanecerá nos atuais 7,25 por cento pelo menos até o final de 2013.
O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia -serviços, indústria e agropecuária.
No segundo trimestre, o PIB havia crescido 0,4 por cento sobre o período de janeiro a março. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) irá divulgar os dados sobre o período de julho a setembro em 30 de novembro. (reportagem adicional de Alonso Soto; em Brasília)