IBC-Br sobe 0,75% em junho, indicando recuperação
A economia brasileira registrou em junho passado o maior crescimento mensal em mais de um ano, indicando que a atividade já estava dando sinais de recuperação e aumentando a possibilidade de o ciclo de afrouxamento monetário ser menor.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), subiu 0,75 por cento no mês frente a maio, segundo dados dessazonalizados.
Trata-se da maior variação mensal desde março de 2011, quando a expansão ficou em 1,47 por cento.
Levantamento da Reuters mostrou que o mercado esperava avanço de 0,70 por cento em junho, segundo a mediana de 18 previsões. As estimativas variaram entre 0,30 e 0,90 por cento.
Com o resultado de junho, o segundo trimestre encerrou com alta de 0,38 por cento ante o primeiro, informou ainda o BC nesta sexta-feira. Neste caso, houve desaceleração em relação ao período entre janeiro e março, que havia apresentado alta de 0,63 por cento sobre o quarto trimestre de 2011.
O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia – serviços, indústria e agropecuária.
“Finalmente chegamos no momento da recuperação do movimento econômico… Não está totalmente descartada a extensão do ciclo de afrouxamento monetário, mas o número em si (IBC-Br) acaba reduzindo um pouco a probabilidade”, afirmou o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flavio Serrano, para quem a Selic, hoje na mínima histórica de 8 por cento ao ano, deve ser reduzida a 7,50 por cento.
Até a semana passada, o mercado continuava esperando que BC reduziria em 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros, para uma nova mínima histórica de 7,50 por cento ao ano, nos próximos dias 28 e 29, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne, e mais 0,25 ponto percentual em outubro, de acordo com o relatório Focus do BC.
RECUPERAÇÃO À VISTA
Após ter recuado 0,01 por cento em maio ante abril, segundo dados revisados pelo BC, o IBC-Br voltou a mostrar força. O governo tem tomado diversas ações para estimular a economia, afetada pela crise internacional, e assumiu o discurso de que ela vai acelerar o passo a partir do segundo semestre.
Nesta semana, outros dados econômicos já haviam mostrado sinais de recuperação, como as vendas no varejo brasileiro, que surpreenderam ao registrar alta de 1,5 por cento em junho ante maio, muito acima da expectativa do mercado de recuo de 0,3 por cento.
Outro sinal também foi dado na quinta-feira, com a criação de 142.496 postos de trabalho formal em julho, superando o desempenho de junho, quando a oferta de vagas foi de 120 mil empregos.
Em 12 meses, o avanço no IBC-Br em junho foi de 1,09 por cento, enquanto que na comparação com o mesmo mês do ano passado houve alta de 1,54 por cento.
Com o resultado de junho, alguns economistas preveem que o PIB brasileiro crescerá cerca de 0,40 por cento no segundo trimestre deste ano. O economista-chefe da Gradual Investimentos, Andre Perfeito, avalia que a atividade cresceu 0,38 por cento entre abril e junho passados e ainda acha ser cedo para afirmar que essa recuperação é uma recuperação.
“A variação mensal (do IBC-Br) veio forte, mas não dá para falar efetivamente de reversão de tendência. A atividade está muito baixa ainda e isso preocupa. O que está puxando é o varejo, mas não dá pra falar que o processo de recuperação já engatou”, afirmou ele, para quem a Selic encerrará este ano a 7 por cento.
No primeiro trimestre deste ano, o PIB cresceu apenas 0,2 por cento na comparação com os últimos três meses de 2011 e havia acendido o sinal de alerta. O mercado mantém sua previsão de crescimento neste ano firmemente abaixo de 2 por cento.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga em 31 de agosto os dados sobre a atividade no segundo trimestre. (reportagem adicional de Silvio Cascione, em São Paulo, e Tiago Pariz, em Brasília)