IPCA sobe 0,36% em maio, menos que o esperado
A inflação oficial do país desacelerou mais do que o esperado no mês passado, acumulando alta de menos de 5% em 12 meses, sob a influência dos preços de cigarros e despesas pessoais. Com isso, especialistas reforçam as apostas de que o Banco Central continuará reduzindo juros.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,36% em maio, após alta de 0,64% em abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 6. Trata-se do menor resultado para meses de maio desde 2007, quando o indicador subiu 0,28%.
No acumulado de 12 meses até maio, o IPCA avançou 4,99% no mês passado, mostrando queda ante os 5,10% de abril, e registrando o menor nível desde setembro de 2010, quando acumulava alta de 4,70%.
Analistas ouvidos pela Reuters esperavam uma alta de 0,42% no mês passado, acumulando em 12 meses alta de 5,04%. Para a variação mensal, as projeções variaram entre 0,37 e 0,48%.
De acordo com o IBGE, os preços dos cigarros, embora ainda tenham respondido por 0,04% do IPCA do mês passado, ajudaram a aliviar o indicador. Isso porque, em abril, o aumento havia sido de 15,04% e, no mês passado, a alta recuou para 4,64%.
Os preços dos cigarros aumentaram por conta da recente elevação de tributos feita pelo governo nestes produtos.
O IBGE também destacou o grupo Despesas Pessoais, que teve alta de 0,60% em maio, contra 2,23% no mês anterior. Dentro desse grupo, os empregados domésticos tiveram papel importante ao registrarem alta de 0,66% ante 1,86% em abril.
O grupo que apresentou o resultado mais elevado foi o de Vestuário, mesmo mostrando diminuição no ritmo de crescimento dos preços, cuja alta passou de 0,98 para 0,89% no período.
Para o mercado, a tendência de desaceleração do IPCA deve permanecer daqui para frente. A equipe da LCA, por meio de nota, informou que a “relevante deflação” em Transportes e diluição das altas nos preços de produtos farmacêuticos e cigarros levam à projeção de que o IPCA fechará junho com alta de 0,21%. Para o ano todo, manteve a estimativa de 4,8%.
JUROS EM QUEDA
A alta dos preços já havia dado sinais de arrefecimento. O IPCA-15 – considerado uma prévia da inflação oficial – de maio havia registrado avanço de 0,51% em maio, segundo divulgou o IBGE no dia 22 de maio passado. O resultado veio abaixo das expectativas do mercado e ajudou a reforçar as perspectivas de mais reduções na Selic.
Os dados desta quarta-feira, 6, também reforçaram essa expectativa.
“(O IPCA) veio um pouco abaixo da nossa projeção (de 0,38%)… A inflação está mais baixa e a atividade mais fraca, então isso continua dando espaço pra mais cortes de juro” afirmou o economista-chefe do J. Safra, Carlos Kawall, para quem a Selic cairá a 7%.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu pela sétima vez seguida a taxa básica de juros, para o menor nível histórico de 8,50% ao ano. E o mercado acredita que mais baixas virão, podendo ir a 8%.
Os esforços para reduzir ainda mais a Selic fazem parte de uma atuação mais ampla do governo para estimular a economia brasileira. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, já admitiu que a economia brasileira deve crescer entre 3 e 4% neste ano, abaixo da projeção inicial de 4,5%.
Por conta disso, o governo tem adotado medidas de estímulo fiscal e monetário e já adiantou que pode fazer uma nova rodada de redução de tributos para estimular o investimento.
Na semana passada, o IBGE informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu apenas 0,2% no primeiro trimestre, quando comparado com o quarto trimestre. (reportagem adicional de Diogo Ferreira Gomes, no Rio de Janeiro, e de Silvio Cascione,em São Paulo)