Magneti Marelli vê mercado de veículos estável no Brasil
A fabricante italiana de autopeças Magneti Marelli estimou nesta quinta-feira, 14, que terá um faturamento estável no Brasil neste ano, diante de um mercado de veículos que deve se manter próximo do nível de vendas de 2012.
“O volume de carros dos primeiros meses do ano está perto do que foi no ano passado. Não acreditamos que (o faturamento) vai crescer este ano porque o volume de carros não vai ser muito diferente, vai ficar na média igual às vendas de 2012”, afirmou o novo presidente da Magneti Marelli para o Mercosul, Edison Lino Duarte.
Em 2012, as vendas de veículos no Brasil bateram o sexto recorde consecutivo, a 3,8 milhões de unidades. A expectativa da associação de montadoras Anfavea é que as vendas deste ano cresçam entre 3,5 e 4,5 por cento, para perto de 4 milhões de veículos.
O executivo, que assumiu o posto na maior fabricante de amortecedores do Brasil em janeiro, afirmou ainda que a Magneti Marelli estima investimento de cerca de 200 milhões de reais em 2013, dos quais cerca de metade serão aplicados em pesquisa e tecnologia, dentro da média dos últimos anos.
A companhia, que possui 11 unidades produtivas no Brasil, está se preparando para abrir suas primeiras fábricas de componentes na região Nordeste, em meio aos planos da Fiat de iniciar produção de sua segunda fábrica de automóveis no país em Pernambuco, no segundo semestre de 2014.
Segundo Duarte, a Magneti Marelli terá no complexo de fornecedores da fábrica da Fiat em Goiana unidades de produção de componentes plásticos, como tanques de combustível, e de suspensão. Uma outra unidade também em Pernambuco, mas fora do complexo da Fiat, deverá produzir escapamentos.
Duarte comentou que, a partir deste ano, a Magneti Marelli vai reduzir suas exportações de amortecedores para montadoras em meio ao difícil cenário cambial do Brasil e diante de aberturas de fábricas do grupo nos Estados Unidos, para atender o mercado norte-americano, e na Índia, para atender Europa, para onde parte da produção brasileira foi transferida.
Apesar disso, o executivo afirmou que a companhia não precisou fazer cortes de pessoal, pois obteve contratos de fornecimento para novas montadoras, como a japonesa Honda, que começará a receber amortecedores do grupo em 2014, e por exportações para mercados de reposição de peças.
A área de amortecedores é responsável por 24 por cento do faturamento da Magneti Marelli no Brasil, de 2,7 bilhões de reais em 2012.
Outro foco de atenção da companhia no Brasil são planos para produção local de sistemas de injeção direta de combustível, trazendo tecnologia da Europa. Os sistemas, usados nos motores dos veículos, reduzem emissões de poluentes e promovem ganhos de potência, mas por causa do custo mais alto do que o de motores de queima tradicional, eles são empregados em veículos mais caros que os populares.
Mas por conta do novo regime automotivo Inovar-Auto, que cobra das montadoras redução no consumo de combustível até 2017, Duarte afirmou que a Magneti Marelli “vai ter de trazer para o Brasil, porque importar não vai dar”.
No Mercosul, Duarte afirmou que os planos do governo da Argentina para aumentar a produção local de autopeças precisam passar por um crescimento da demanda.
Ele comentou que a companhia está estudando erguer uma fábrica de montagem de amortecedores na Argentina por conta própria ou com algum parceiro, mas que o projeto esbarra no volume mínimo de produção para justificar o investimento, de cerca de 12 milhões a 15 milhões de dólares.
“Uma fábrica de amortecedores precisa de um mercado de 3 milhões de amortecedores por ano (…) Seria ótimo fazer o investimento, mas tem que ter volume”, afirmou.
Ele acrescentou que os planos da Magneti Marelli por enquanto para a Argentina envolvem uma linha de montagem e pintura que utilizaria peças despachadas do Brasil, onde a indústria produz 20 milhões de amortecedores por ano. A empresa já produz escapamentos na Argentina.