Mantega: crise mundial afeta mais a indústria
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira que a atual crise mundial não é menos intensa que a de 2008 e que afeta mais a indústria no mundo todo, sendo improvável uma solução no curto prazo. Apesar disso, o ministro defendeu que a produção industrial brasileira, em junho, não “será ruim”.
“Temos que ter a consciência de que estamos enfrentando uma crise bastante grave e que não vai ser solucionada no curto prazo”, afirmou Mantega em evento com empresários em São Paulo, acrescentando que o cenário de recessão na União Europeia e de baixo crescimento nos Estados Unidos continuará.
Para Mantega, a Europa conseguiu, com as ações já adotadas, afastar “de imediato” a crise bancária e afirmou que a a atual crise não é menos intensa do que a vista em 2008, cujo ápice foi a quebra do Lehman Brothers.
“(A produção industrial de) junho não será ruim, porque os setores que puxaram pra baixo (a atividade) já estão melhorando”, afirmou Mantega, que voltou a repetir que o Produto Interno Bruto (PIB) terá, no segundo semestre deste ano, resultados “muito melhores” do que no primeiro.
Segundo ele, a economia crescerá 3,5 por cento a 4 por cento no segundo semestre, em dados anualizados, mas não fez previsões para o ano fechado.
Na terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial caiu 0,9 por cento em maio sobre abril, a terceira queda mensal seguida. Na comparação com maio de 2011, a produção diminuiu 4,3 por cento.
O governo vem adotando medidas de estímulo para tentar acelerar o crescimento do país, afetado sobretudo pela crise externa. Para ele, o ideal seria um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 4 e 5 por cento nos próximos anos.
Mantega disse nesta quarta-feira que outras medidas podem ser avaliadas, citando como exemplo a redução das alíquotas de PIS/Confis para algums setores, como já ocorre com o de massas.
O ministro defendeu que o país tem feito importantes avanços nas políticas monetárias -com menores juros e spreads-, por exemplo. Além disso, o governo tem feito uma política cambial mais ativa, “que resulta num real mais competitivo”.
Mantega disse ainda que a inadimplência e os spreads bancários -diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada ao cliente final- estão recuando.
Últimos dados do Banco Central mostraram, no entanto, que a inadimplência do país chegou ao nível recorde de 6 por cento em maio passado.