Mercado mantém Selic a 7,5% em outubro
O mercado bateu o martelo sobre a manutenção da Selic em 7,50 por cento ao ano na quarta-feira, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne novamente, nível que ficará até o final do ano segundo a mediana das expectativas, mostrou a pesquisa Focus, do Banco Central, nesta segunda-feira, 8.
A avaliação, no entanto, não é consenso quando se olha o Top 5 –instituições que mais acertam as projeções–, que prevê corte de 0,25 ponto percentual agora, mostrou o Focus. O mercado futuro de juros também segue nessa trilha.
Esse movimento ganhou força na semana passada diante de dados da produção industrial piores do que o esperado e se consolidou diante da avaliação do BC de que a de que a recuperação econômica de países emergentes está lenta.
Tudo isso mesmo com os recorrentes sinais de inflação maior. O IPCA, por exemplo, acelerou a alta para 0,57 por cento em setembro, afastando-se cada vez mais do centro da meta do governo, de 4,5 por cento.
Para o economista chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima, o BC pode fazer um corte de 0,25 ponto na Selic nesta semana diante dos ainda fracos sinais de crescimento global.
“Se o BC fizer um corte de 0,25 ponto, e há sinais disso, indicará que está olhando para o que está acontecendo”, disse ele, acrescentando, no entanto, que ainda mantém sua expectativa de que a taxa básica de juros será mantida em 7,50 por cento agora.
Nesta segunda-feira, o Banco Mundial cortou suas projeções de crescimento para o leste asiático e para a região do Pacífico e informou que há risco de a desaceleração na China piorar e durar mais do que muitos analistas preveem.
Pesquisa da Reuters apontou, na semana passada, que a maioria dos especialistas consultados acreditava na manutenção da taxa básica de juros em 7,5 por cento, com o objetivo de evitar uma inflação ainda maior em 2013.
Para o economista sênior do Bes Investimento, Flavio Serrano, as mensagens mais fortes dadas pelo BC, via Relatório Trimestral de Inflação, por exemplo, ainda é de permanência da Selic em 7,5 por cento agora.
Para ele, a autoridade monetária deu sinais de que a inflação está se acelerando, além da atividade no país.
“Não houve mudança significativa (na economia) que justificasse um novo corte”, disse ele.
Desde agosto de 2011, o Copom já reduziu a Selic por nove vezes seguidas com o objetivo de estimular a cambaleante economia brasileira neste ano.
Para 2013, a expectativa do mercado é de que a Selic termine a 8 por cento, inalterado ante a semana anterior, informou ainda o Focus.
Já a expectativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 foi mantida no levantamento em 1,57 por cento. Para 2013, a perspectiva também ficou inalterada em 4 por cento.
INFLAÇÃO
Diante da persistente alta da inflação impulsionada pelos alimentos, os analistas consultados na pesquisa do BC elevaram pela 13a vez a perspectiva para o IPCA neste ano, a 5,42 por cento ante 5,36 por cento anteriormente.
Para 2013, a estimativa para o IPCA foi levemente reduzida para 5,44 por cento, ante 5,48 por cento na semana anterior.
Em seu Relatório de Inflação, o BC calculou o IPCA em 2013 em 4,9 por cento, abaixo das contas anteriores de 5,0 por cento. Mas, para 2012, a autoridade monetária elevou a projeção para a inflação a 5,2 por cento pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 4,7 por cento.
A pesquisa Focus desta segunda-feira mostrou também que o mercado manteve a previsão de que o dólar encerrará este ano a 2 reais. (reportagem adicional de Luciana Otoni)