Mercado reduz previsão de alta do PIB para 1,9% em 2012
Diante da persistente dificuldade da economia brasileira em deslanchar, o mercado passou a estimar que o crescimento do Produto Interno Bruto neste ano ficará abaixo de 2 por cento. Ao mesmo tempo, manteve a expectativa de que a Selic continuará recuando, mostrou o relatório Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira.
O documento, o primeiro após o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzir a Selic para a mínima histórica de 8 por cento ao ano na semana passada, mostrou que os agentes consultados reduziram a previsão de expansão do PIB pela décima vez seguida, passando de 2,01 para 1,90 por cento, a primeira vez abaixo do patamar de 2 por cento.
Se essa perspectiva se materializar, o resultado seria o pior desde 2009, quando a economia encolheu 0,33 por cento, e ficaria bem abaixo do desempenho do ano passado, quando a expansão foi de apenas 2,7 por cento.
Na semana passada, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do PIB, voltou a indicar uma leve contração em maio, de 0,2 por cento, mas veio melhor do que o esperado pelo mercado, trazendo um certo alívio aos agentes econômicos diante de outros resultados mais negativos, como indústria e varejo.
A indústria é o setor que mais preocupa, impedindo uma recuperação mais robusta da economia brasileira. Em maio, a produção do setor caiu 0,9 por cento, enquanto que o emprego recuou 0,3 por cento.
Também em maio, as vendas no varejo brasileiro recuaram 0,8 por cento, pior resultado desde novembro de 2008, quando encolheram 1,3 por cento.
Frente a esse cenário, o governo vem buscando também adotar outras medidas de estímulo e já anunciou benefícios fiscais a indústrias e consumidores, além de aumento das compras federais.
Também atua neste sentido o próprio BC, que já reduziu sua projeção para o crescimento da economia brasileira neste ano de 3,5 para 2,5 por cento ao ano. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC voltou a reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 8 por cento ao ano.
O corte foi o oitavo seguido desde agosto passado, quando começou o processo de afrouxamento monetário. Ao todo, as reduções já somam 4,50 pontos percentuais.
Segundo o Focus, a expectativa dos analistas é que a Selic encerre 2012 a 7,50 por cento ao ano, inalterado ante a semana passada.
Para 2013, os analistas também reduziram a previsão no Focus para o PIB, agora para uma expansão de 4,10 por cento, ante 4,20 por cento anteriormente. Já para a Selic no período, o mercado manteve a estimativa de 8,50 por cento.
INFLAÇÃO
A inflação sob controle sustenta a política do BC de estímulo à economia. Entretanto, o mercado elevou ligeiramente sua estimativa para o IPCA no final deste ano, embora ainda permaneça abaixo da marca de 5 por cento, segundo o Focus.
A previsão agora é de que o IPCA no final deste ano ficará em uma alta de 4,87 por cento, ante 4,85 por cento na semana anterior. Para 2013, a expectativa foi mantida em 5,50 por cento.
Ainda segundo o Focus, a taxa de câmbio prevista pelo mercado para o fim de 2012 foi mantida em 1,95 real por dólar.