Ministro da Economia admite recessão
O ministro da Economia da Espanha, Luis de Guindos, admitiu que o país provavelmente entrou em sua segunda recessão desde 2009, enquanto os rendimentos da dívida pública do país voltaram a subir para níveis perigosos nesta segunda-feira, 16, diante da preocupação de que Madri não atingirá suas rigorosas metas de déficit orçamentário.
Os dados oficiais sobre a produção econômica total nos três primeiros meses deste ano não serão divulgados até 30 de abril. No entanto, o ministro da Economia disse que o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter apresentado uma queda similar à do período entre outubro e dezembro de 2011, quando a economia encolheu 0,3% na comparação trimestral.
Dois trimestres consecutivos de queda do PIB marcam uma recessão, o que tem sido amplamente esperado na Espanha, mas De Guindos afirmou que a recessão pode não ser tão ruim quanto se pensava.
“No momento, vejo um primeiro trimestre com um padrão similar ao do último trimestre do ano passado”, disse o ministro em uma entrevista ao jornal El Mundo publicada nesta segunda-feira, 16.
No entanto, ele acrescentou: “Se você tivesse me perguntado há dois meses, eu esperaria que o primeiro trimestre de 2012 fosse muito pior do que o último trimestre do ano passado. Mas não será o caso.”
O governo conservador diz que está empenhado em fazer grandes cortes orçamentários. Mas está crescendo nos mercados financeiros a preocupação de que a recessão tornará impossível cumprir as metas do déficit e que a Espanha terá que procurar algum tipo de resgate internacional, como Grécia, Irlanda e Portugal.
Os rendimentos dos títulos espanhóis de dez anos ultrapassaram a marca de 6 por cento nesta segunda-feira pela primeira vez desde o início de dezembro. Isso levantou preocupações de que os custos de empréstimo do governo podem alcançar rapidamente níveis insustentáveis, a menos que o Banco Central Europeu (BCE) volte a comprar títulos do governo em um programa que tem ajudado a conter os rendimentos nos últimos meses.
“Estamos de volta no modo de crise plena”, disse o estrategista de taxas do Rabobank Lyn Graham-Taylor. “Está parecendo mais e mais provável que a Espanha terá alguma forma de resgate. Assumindo que não haverá uma intervenção (do BCE), você não verá um limite para os rendimentos espanhóis, eles apenas continuarão aumentando.”
A economia da Espanha tem encolhido ou estagnado desde a bolha imobiliária que estourou em 2008. Com os preços das casas ainda em queda, a sobrevivência de alguns bancos e a capacidade do novo governo em controlar suas finanças estão em risco. (reportagem adicional de Marius Zaharia em Londres)