Montadoras de veículos pedirão ao governo incentivo à exportação
As montadoras instaladas no Brasil pedirão ao governo federal incentivos para aumentar as exportações veículos, tendo como meta vendas externas de 1 milhão de unidades anuais nos próximos anos, mais do que o dobro do previsto para 2013, anunciou nesta segunda-feira o novo presidente da Anfavea.
A proposta vem em um momento em que as montadoras, responsáveis por 23 por cento do PIB industrial do país, já são beneficiadas por aumento do imposto de importação, desoneração das vendas internas e com entrada em vigor do regime automotivo Inovar-Auto, que prevê redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para empresas que conseguirem melhorar a eficiência de consumo de combustível de seus veículos e investirem em produção local.
Em sua primeira entrevista como novo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, o diretor de assuntos governamentais da General Motors no Brasil, Luiz Moan Yabiku, disse que o programa “Exportar-Auto”, que será proposto ao governo, tem como objetivo inicial evitar queda nas vendas externas e, num segundo momento, ampliar o mercado para o produto brasileiro.
A última vez que o Brasil chegou perto do patamar de 1 milhão de veículos exportados foi em 2005, com cerca de 900 mil unidades. De lá pra cá, a forte expansão do mercado interno e as crises internacionais, além da queda na competitividade do Brasil, corroeram as vendas externas do país.
O pedido de criação do Exportar-Auto será oficializado pela Anfavea ao ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, em solenidade da entidade nesta segunda-feira.
Segundo Moan, entre os focos da proposta do Exportar-Auto será o ingresso do setor no Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado (Recof), mecanismo que prevê processos aduaneiros mais simplificados e desoneração da cadeia produtiva. Moan também citou como alvo a carga de 8,8 por cento de impostos sobre veículos que não são compensados com créditos tributários e que incidem diretamente sobre o custo das empresas.
“Se não fizermos nada, o número de 420 mil (veículos a serem exportados em 2013) vai cair”, disse Moan. “No curto prazo nós poderemos alcançar a meta. Exportar 1 milhão de veículos é 20 por cento da produção esperada, sendo que em 2005 isso era 30 por cento (…) Estamos perdendo clientes por causa de preço, sem contar o efeito cambial”, afirmou o executivo.
Ele evitou cravar quando a meta de 1 milhão deve ser alcançada, mas afirmou que espera que o número seja obtido até o fim de 2017.
Segundo a Anfavea, apesar do Brasil ser o quarto maior mercado consumidor de veículos do mundo, o país é o sétimo em produção, mesmo com 55 fábricas de 28 empresas instaladas no território nacional.
Moan defendeu o livre comércio de automóveis entre o Brasil e a Argentina, um dos principais destinos das exportações brasileiras de veículos.
“Nossa posição é de defesa do livre comércio”, disse Moan sem dar mais detalhes.
Além do Exportar-Auto, a nova gestão da Anfavea também continuará negociando com o governo a criação do programa “Inovar-Peças”, que tem como objetivo fortalecer a pulverizada indústria de autopeças do país, que enfrenta dificuldades para investir no mesmo ritmo que o cobrado das montadoras pelo Inovar-Auto.
Segundo Moan, as montadoras investirão no Brasil 60 bilhões de reais entre 2013 e 2017, dos quais cerca de 14 bilhões de reais em engenharia automotiva. A capacidade de produção das empresas crescerá dos atuais 4,5 milhões de veículos por ano para 5,5 milhões nesse período, em meio à chegada de novas marcas asiáticas ao país e projetos de ampliação de montadoras já estabelecidas.
Para o mercado interno, as expectativa é de vendas de 5 milhões de veículos anuais, incluindo importações. A previsão da Anfavea para 2013 é de vendas de cerca de 4 milhões de unidades.
Moan substitui Cledorvino Belini, presidente do grupo Fiat para a América Latina, no comando da Anfavea.