MPEs paulistas fecham 2012 com alta de 8,1%
Enquanto a economia brasileira apresenta desempenho fraco e o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer apenas 0,95% em 2012 na previsão dos analistas de mercado, as micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas fecharam o ano de 2012 com resultado muito superior: aumento de 8,1% no faturamento real (já descontada a inflação) ante 2011. Só em dezembro, as MPEs do Estado de São Paulo faturaram 6,3% mais do que no mesmo mês do ano anterior, o melhor resultado para o período desde 2000.
“O consumo aquecido no mercado interno, com evolução positiva da ocupação e da renda, sustentou os bons números das MPEs”, afirma o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano.
Como ocorre tradicionalmente em dezembro, as MPEs também foram beneficiadas pelas vendas de Natal, o que significou ganhos 8,2% maiores do que em novembro.
Por setores, no acumulado do ano, o comércio lidera com aumento de 9,6% na receita, depois aparece o setor de serviços, cuja alta foi de 7%, e, por fim, vem a indústria com avanço de 5,6%.
A receita total das MPEs paulistas foi de R$ 528,5 bilhões em 2012, R$ 39,5 bilhões a mais do que no ano anterior. No último mês do ano passado, foram R$ 49 bilhões em caixa, R$ 2,9 bilhões acima do registrado no mesmo período de 2011.
“A boa fase do mercado de trabalho tem sido fundamental para impulsionar as vendas das MPEs, pois além de desemprego em baixa, a renda média dos trabalhadores subiu”, completa Caetano.
O consultor do Sebrae-SP, Pedro João Gonçalves, lembra que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas brasileiras foi de 5,5% em 2012, o menor índice anual desde 2002. Já o rendimento real dos ocupados subiu 4,1% sobre 2011.
Interior teve maior crescimento
Na análise por regiões, as MPEs do interior do Estado apresentaram o melhor desempenho: crescimento de 10,7% no faturamento de 2012 sobre 2011. O ABC aparece em segundo lugar, com aumento de 10,2%. Em seguida vêm a região metropolitana de São Paulo (+5,6%) e a capital paulista (+5,1%).
Expectativas
Em janeiro, a metade dos empresários consultados (50%), acredita que o faturamento da empresa vai ser mantido nos próximos seis meses, uma ligeira redução ante janeiro de 2012, quando 51% deles falavam em estabilidade.
Outros 29% esperam aumento no faturamento, 9% creem em piora e 11% não sabem como se comportará o seu negócio.
Com relação ao nível de atividade da economia nos seis meses que virão, a expectativa da maior parte dos empresários, ou 56%, é de estabilidade. Já no mesmo mês de 2012, essa era a aposta de 54% dos entrevistados. Outros 26% aguardam melhora na economia, 8% esperam piora e 10% não souberam responder o que esperam da economia brasileira.
“Em 2013, espera-se que a economia brasileira cresça 3,1%, um porcentual moderado, ainda assim melhor do que em 2012. As MPEs devem acompanhar essa evolução”, diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP.
“Os três setores – comércio, indústria e serviços – devem apresentar uma evolução mais equilibrada este ano, influenciados pelas medidas adotadas pelo governo para impulsionar a economia”, completa Gonçalves. Um dos estímulos é a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 7,25% ao ano, que facilita investimentos e vendas a prazo. A desoneração da folha de pagamento de algumas atividades, a desvalorização do real – que encarece produtos importados e diminui a concorrência com os nacionais – e a redução na conta de energia elétrica também trarão efeitos positivos para as MPEs.
Porém, há uma corrente entre os analistas de mercado que questiona a eficácia dos estímulos do governo. Esse grupo entende que o incentivo ao consumo deve ser acompanhado de igual esforço do lado da oferta, com medidas que aumentem investimentos, qualificação da mão de obra, melhora da infraestrutura e redução da burocracia.
Também merece atenção a inflação, cujo comportamento não indica queda. Isso pode inibir o consumo das famílias, importante motor do crescimento das vendas das MPEs. Como o nível de endividamento do brasileiro está relativamente elevado, a escalada dos preços pode contrair o ímpeto das pessoas irem às compras.
O cenário externo continua mandando sinais preocupantes. Europa e Estados Unidos tendem a apresentar baixo ritmo de crescimento. Há ainda dúvidas quanto ao financiamento de várias economias do Sul da Europa. Essas são fontes de turbulências no mercado financeiro que podem reduzir investimentos em todo o mundo e, portanto, no Brasil, afetando o desempenho da economia e das MPEs.
A pesquisa de conjuntura Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente pelo Sebrae-SP, com 2.716 MPEs e tem apoio da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).