Número de famílias endividadas cresce em março
Em pesquisa realizada pela Federação do Comércio (Fecomercio), os indicadores estatísticos mostram que no país a parcela do orçamento familiar comprometido com dívida foi de 44,6% em março. O maior índice registrado em março nos últimos três anos. As classes A e B respondem por 56,4% desse total. A classe C fica com a parcela de 44,8%.
Para o professor Rodrigo Vilela Rodrigues, coordenador do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no campus de Sorocaba, a pesquisa revela que, apesar dos últimos três anos apresentarem características bem distintas em termos de crescimento do PIB, como recessão em 2009, crescimento espantoso em 2010 e crescimento pífio em 2011, a tendência de elevação de emprego e massa salarial deve se manter intacta, podendo justificar essa inadimplência crescente.
Para Rodrigues, vale registrar alguns destaques referentes à classe C, onde se misturam uma elevação no nível de renda, melhor acesso a serviços como cartão de crédito e falta de costume com a condução desse tipo de endividamento. “Em âmbito nacional, dados esses fatos, a situação pode se deteriorar, resta saber se o impacto de uma Selic menor e a luta contra os spreads bancários chegará com mais força ao consumo das famílias ou ao seu endividamento, o que teria impactos opostos sobre a inadimplência”, comentou.
Regionalmente, a Federação do Comércio de São Paulo registra que o total de endividados na cidade de São Paulo é o maior desde março de 2011. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio – SP), 52,2% dos paulistanos estão endividados em março, o que equivale a 1,87 milhão de famílias. O número é 9,4 pontos porcentuais (p.p.) maior do que o registrado em fevereiro, mas ainda está 0,6 p.p. abaixo do que o registrado no mesmo mês do ano anterior.
Com relação à cidade de São Paulo, o economista diz acreditar que a capital seja uma espécie de “Brasil bem mais rico”, onde os maiores níveis de inadimplência estejam relacionados ao maior desenvolvimento de sua economia em relação ao restante do país.
De acordo com a assessoria técnica da Fecomercio, o impulso no total de famílias endividadas se deve a refinanciamentos das dívidas assumidas no começo do ano, com matrícula e material escolar e tributos como o Imposto Territorial e Predial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). O incremento no total de endividados também foi impactado pelos crescentes gastos com turismo, viagens, hotéis e aluguel de carro.
CONTRAPONTO – Contrastando a esses dados, a Associação Comercial e Industrial de São Carlos (Acisc) mostra que a inadimplência do consumidor foi 11,95% menor em março na comparação com o mesmo mês em 2011, segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), marcando a primeira queda do indicador desde janeiro de 2011.
Na comparação com fevereiro, o movimento foi contrário e o nível de inadimplência cresceu 3,38%, interrompendo quatro meses de baixa. No acumulado do ano até março, o indicador acumula queda de 3,51%.