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Petrobras irá absorver oscilações sem repassar preços ao consumidor

Nova estratégia de preços vai permitir que a estatal consiga reter parte da volatilidade do mercado

17/05/2023 22h47 - Atualizado há 1 ano Publicado por: Redação
Petrobras irá absorver oscilações sem repassar preços ao consumidor Tomáz Silva/ABr

Jorge Barbosa/AE

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, deu mais detalhes sobre a nova estratégia de política de preços da estatal na tarde de quarta-feira, 17. Segundo ele, os preços praticados vão estar dentro de um intervalo entre dois limitadores: o custo para o cliente e a vantagem econômica para a companhia.

Prates disse que a nova estratégia de preços vai permitir que a estatal consiga reter parte da volatilidade do mercado, sem que os valores sejam repassados aos consumidores de forma imediata.

Ele reforçou que a companhia continuará a utilizar os preços internacionais como referência, mas haverá maior flexibilidade para a companhia negociar valores que considere mais competitivos para os combustíveis.

“Os importadores e as refinarias privadas serão obrigadas a concorrer com um player brasileiro, que possui refinarias no País e sabem utilizar a logística de forma cooperativa, e não de forma competitiva e predatória entre si. A Petrobras tem a melhor estrutura e foi construída com foco em oferecer a melhor alternativa para o cliente final. Essa é a nova política, a melhor alternativa para o cliente”, afirmou Prates em entrevista para a GloboNews.

Prates afirmou que, nas situações em que os preços do mercado internacional se consolidarem mais altos, a estatal vai repassar os valores.

Ele mencionou ainda que a nova estratégia é transparente a despeito de críticas de setores do mercado que se queixaram de critérios pouco claros adotados pela companhia. “A diferença com esse novo modelo é que será permitido, em caso de uma oscilação de dois dias, que a Petrobras possa absorver mudanças tanto se os preços forem para cima, quanto para baixo. Para a economia brasileira e o cidadão brasileiro, haverá uma não volatilidade, diferente do que tivemos no ano inaugural da paridade de preços de importação”, disse Prates.

GÁS

Levantamento do Observatório Social do Petróleo (OSP) mostra que apesar da redução de quase R$ 9 no preço às distribuidoras, o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) fornecido pela Petrobras continua sendo vendido acima da paridade de importação. O botijão de 13 quilos de gás de cozinha nas refinarias da estatal está custando R$ 32,96, o equivalente a R$ 2,18 a mais que o PPI (Preço de Paridade de Importação), que vale R$ 30,78, segundo a última publicação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Até a terça-feira, 16, o preço do quilo do GLP vendido pela Petrobras estava em R$ 3,23, o que resultava em um preço para o botijão de 13 kg (gás de cozinha) a R$ 42,04, passando a custar R$ 2,54 o quilo, ou R$ 32,96 o botijão, após a redução anunciada na mesma terça, pela estatal, de R$ 0,69 por quilo no preço médio.

Segundo o OSP, a Petrobras tem cobrado mais caro do que a paridade de importação desde março de 2022. Mesmo ultrapassando os parâmetros do PPI, a estatal ainda pratica hoje o menor valor em comparação às refinarias privadas.

A Acelen, gestora da Refinaria de Mataripe, vende o gás de cozinha a R$ 46,87, ou seja, R$ 16,08 mais caro que o PPI, e a Refinaria da Amazônia (Ream) cobra R$ 37,76 pelo produto, uma diferença de R$ 6,98 em relação ao preço de paridade de importação.

Já o diesel e a gasolina atingiram a paridade com o mercado internacional, após quedas de mais de 12% para os dois combustíveis, também anunciadas pela estatal na terça-feira e que passaram a vigorar nesta quarta, 17.

CONSUMO EM QUEDA

O estudo do OSP – baseado em dados da ANP, Petrobras, Acelen e Ream – aponta ainda que nos três primeiros meses deste ano houve uma pequena queda no consumo de gás de cozinha, de 0,96%. A maior redução nas vendas de botijão foi registrada na região Sudeste, com menos 2,53%.

“Vivemos há alguns anos uma tragédia nacional. Em 2022 já tivemos o menor consumo de gás em uma década e no primeiro trimestre do ano continuamos vendo uma redução deste consumo. E como já sabemos, quem não usa gás de cozinha está utilizando lenha ou etanol, gerando maiores acidentes e poluição ambiental”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

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