Preços ao produtor desaceleram alta a 0,21% em outubro
O índice de preços ao produtor desacelerou a alta em outubro para 0,21 por cento, após avanço de 0,69 por cento em setembro, influenciado principalmente pela queda dos preços dos alimentos, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira, 29.
Essa foi a menor variação do indicador desde fevereiro deste ano, quando houve queda de 0,42 por cento. O IBGE ainda revisou o dado de setembro depois de anunciar anteriormente avanço de 0,72 por cento.
Em outubro de 2011, o índice havia mostrado avanço de 0,76 por cento, e no acumulado em 12 meses os preços apresentaram alta de 6,37 por cento no mês passado.
“O principal motivo (para a desaceleração)… partiu dos alimentos. Em setembro já apontava para uma variação menor”, afirmou o técnico responsável pela pesquisa Manoel Campos de Souza Neto.
Em outubro, os preços dos alimentos registraram queda de 1,51 por cento sobre setembro, a primeira variação negativa desde fevereiro (-1,41 por cento). Na comparação anual, a atividade tem alta de 13,09 por cento que, apesar de ainda elevada, é a menor desde maio passado (+13,11 por cento) e confirma a tendência de desaceleração.
“Essa queda (nos alimentos) foi motiva pela entrada da soja americana, aumento da produção mundial de açúcar, além de uma queda de bovinos por conta de uma aumento da oferta mundial”, explicou Souza Neto.
Durante a maior parte do ano, os preços ao produtor foram pressionados por alimentos, que têm peso de cerca de 20 por cento no índice, explicou ele. “Dos 6,37 por cento do IPP no ano, eles respondem por 2,47 por cento”, completou.
Entretanto, para ele “não dá para dizer que esse resultado já representa uma acomodação do IPP”.
PREÇOS EM ALTA
Segundo o IBGE, em outubro 14 das 23 atividades pesquisadas apresentaram alta de preços, contra 15 no mês anterior. As maiores variações positivas se deram em outros produtos químicos (3,48 por cento), bebidas (1,18 por cento) e móveis (1,15 por cento).
Na comparação com outubro de 2011, as quatro maiores variações de preços ocorreram em fumo (18,34 por cento), bebidas (16,30 por cento), alimentos (13,09 por cento) e outros equipamentos de transporte (10,80 por cento).
As principais influências nessa comparação vieram de alimentos (2,47 ponto percentual), outros produtos químicos (0,84 ponto), refino de petróleo e produtos de álcool (0,61 ponto) e bebidas (0,45 ponto).
O índice mede os preços “na porta das fábricas” e não inclui os custos com frete e impostos que influenciam os preços ao consumidor.
A inflação já vinha dando sinais de desaceleração, principalmente nos preços no atacado. Nesta quinta-feira, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) registrou queda de 0,03 por cento em novembro, com destaque para o recuo dos preços no atacado e pela desaceleração dos alimentos no varejo.
Na pesquisa Focus do Banco Central desta semana, analistas reduziram pela segunda vez seguida suas perspectivas para a inflação neste ano, projetando que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrará 2012 a 5,43 por cento, ao mesmo tempo em que mantiveram a perspectiva de que Selic permanecerá nos atuais 7,25 por cento até o fim de 2013.
Na semana passada, o IPCA-15, uma prévia da inflação oficial, mostrou desaceleração em novembro a 0,54 por cento, ante 0,65 por cento em outubro.
Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 7,25 por cento ao ano e indicou que a taxa ficará nesse nível por um “período prolongado”. (por Camila Moreira, em São Paulo, e Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)