Projeção indica que varejo da região pode ter tido maior receita em 15 anos
Dados da FecomercioSP indicam que faturamento pode ter tido crescimento de 7% e alcançado a marca de R$ 34,7 bilhões
Desempenho foi puxado por supermercados e lojas de vestuário, tecidos e calçados; balanço do ano será apresentado em março de 2024
As vendas do comércio varejista na região de Araraquara, na qual se encontra São Carlos, podem ter registrado uma alta de 7% em 2023, em comparação com o ano passado, de acordo com as projeções da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com divulgação do Sindicato do Comércio Varejista de São Carlos e Região (Sincomercio). Em números absolutos, o faturamento pode ter atingido a marca de R$ 34,7 bilhões — maior cifra desde o início da série histórica, em 2008. Esse aumento se deu sobre uma base forte de comparação, já que, em 2022, as receitas cresceram 8,8% em relação a 2021. O balanço com os dados concretos de 2023 será apresentado em março de 2024.
Seis das nove atividades analisadas pela FecomercioSP devem registrar crescimento, com destaque para os supermercados e as lojas de vestuário tecidos e calçados — que também alcançarão a maior receita da história —, e para as concessionárias de veículos, que se beneficiaram do incentivo fiscal do governo federal na metade do ano. Os segmentos de autopeças e acessórios e farmácias e perfumarias também aguardam pelo resultado mais relevante desde 2008. Outro destaque positivo é a atividade de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos, que voltará a crescer após uma série de dois anos consecutivos de queda.
Por outro lado, após terem registrado o maior faturamento da história em 2022, as lojas de materiais de construção e o grupo de outras atividades, em que predomina a venda de combustíveis, devem registrar um desempenho negativo neste ano, juntamente com as lojas de móveis e decoração. De maneira geral, a alta na receita do varejo em 2023 foi motivada, principalmente, pela queda no desemprego e pela geração de empregos com carteira assinada, elevando a quantidade de pessoas em condições de consumir e resultando em uma maior injeção de recursos do décimo terceiro salário no fim do ano. Para se ter uma ideia, em âmbito nacional, a taxa de desemprego atingiu 7,6% no trimestre de agosto a outubro, menor patamar desde 2015. Além disso, entre janeiro e outubro, quase 1,8 milhão de empregos formais foram gerados no Brasil e cerca de 500 mil no Estado de São Paulo.
Outros fatores que contribuíram foram a queda da inflação ao longo dos últimos meses — principalmente sobre alimentos e bebidas —, que abriu espaço no orçamento doméstico de muitos lares, e o início do ciclo de redução da taxa Selic, gerando efeitos positivos sobre o poder de compra das famílias e sobre a confiança dos consumidores.
Para dezembro, a FecomercioSP projetou um aumento de 8% nas vendas, atingindo R$ 3,34 bilhões, a maior receita mensal da série histórica, impulsionada pelos segmentos de supermercados, eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos e farmácias e perfumarias.
É sempre importante lembrar que faturamento é diferente de lucro. Nesse sentido, muitos empresários seguem trabalhando com margens apertadas para não perder clientes. Assim, para o próximo ano, a FecomercioSP indica ter cuidado na formação dos estoques considerando as incertezas no cenário internacional, a desaceleração da atividade econômica prevista para 2024, os juros ainda elevados, o alto nível de famílias endividadas e os indícios de falta de compromisso do governo com as contas públicas que podem trazer instabilidades. Por esses motivos, os empresários devem priorizar o reforço do caixa.
NOTA METODOLÓGICA
As projeções são elaboradas com base nos dados da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), a qual utiliza dados da receita mensal informados pelas empresas varejistas ao governo paulista. A pesquisa é elaborada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) através de um convênio de cooperação técnica com a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP).