Setor agroquímico revê crescimento para 5%
O setor de defensivos agrícolas revisou sua perspectiva de crescimento de 3 para 5 por cento, acima do faturamento histórico de 8,48 bilhões de dólares registrado no Brasil em 2011, impulsionado pelo cenário de preços firmes para a soja e milho, disse o diretor-executivo da associação que reúne a indústria.
Inicialmente, a expectativa era de um crescimento entre 2,8 e 3 por cento, alinhado com o PIB brasileiro e a renda agrícola, de acordo com as projeções de consultores do setor.
“Olhando a renda agrícola brasileira, este horizonte vinha se concretizando, agora o sentimento na indústria já aponta para 5 por cento nas vendas”, disse nesta quarta-feira Eduardo Daher, diretor-executivo da Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal).
Uma seca severa nos Estados Unidos provocou perdas irreversíveis nas lavouras de milho do país e danos à soja, o que elevou os preços dos grãos a níveis recordes na bolsa de Chicago.
“Quando a cultura (agrícola) vai bem e a relação de troca favorece, os produtores cuidam melhor das lavouras. Foi assim com o milho e se vê com a soja também”, ressaltou.
Ele acrescentou que é a mesma situação vista no setor de adubos, outro insumo essencial para o cultivo.
A soja, principal cultura de exportação do Brasil, responde por cerca de 45 por cento das vendas de defensivos. Em segundo lugar, vem o milho com 11 por cento no acumulado deste ano, seguidas por cana, algodão e café. Juntas, as cinco culturas representam mais de 80 por cento das vendas de agroquímicos no Brasil.
ANTECIPAÇÃO
O executivo observou que os produtores, especialmente de Mato Grosso, procuraram antecipar as compras para o primeiro semestre, mas que ainda não é possível dimensionar o quanto isso representa no ano. Segundo ele, este fenômeno para o setor agroquímico ganhou força especialmente no segundo trimestre deste ano.
“O produtor, principalmente de Mato Grosso, percebeu que dólar, fertilizantes e defensivos é a mesma coisa”, disse referindo-se à antecipação de compra como forma de se proteger das oscilações de preço no segundo semestre, perto do plantio de verão, quando tradicionalmente são feitas as compras de insumos.
O reflexo desta demanda mais firme no primeiro semestre é o aumento dos preços dos defensivos, mas Daher pondera que este incremento não é muito forte, uma vez que o setor conta com grande oferta de produtos genéricos, a valores mais baixos.
PREOCUPAÇÕES
O Brasil é tradicional exportador de soja, mas diante de uma perspectiva de quebra de mais de 90 milhões de toneladas na safra norte-americana de milho, o país começa a ser visto como alternativa para tradicionais compradores dos EUA, como a China e até o México, observou o executivo.
Daher, que já foi diretor-executivo da associação que reúne a indústria de fertilizantes (Anda), avalia que neste cenário o setor agrícola tende a sofrer com o gargalo logístico.
A soja e o milho utilizam as mesmas vias de escoamento, e o fluxo maior gera filas nas rodovias até nos portos e aumento do tempo de espera dos navios, que trazem os insumos que serão utilizados no cultivo da nova safra.
Nesta época do ano, o Brasil já escoou a maior parte da soja que colheu na última safra, e agora as exportações de grãos devem se concentrar no milho.
Alguns integrantes do setor acreditam que o Brasil poderá exportar um recorde de cerca de 15 milhões de toneladas de milho neste ano, mas os gargalos logísticos estão entre as dificuldades enfrentadas pelo setor para realizar as exportações.