Vendas no varejo brasileiro caem 0,4% em fevereiro
As vendas no varejo brasileiro surpreenderam em fevereiro, ao registrarem queda de 0,4 por cento ante janeiro e o primeiro recuo anual desde novembro de 2003, ao caírem 0,2 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 11.
Os resultados foram muito piores que os esperados pelo mercado e mostram as dificuldades para a recuperação da atividade econômica em geral.
Analistas ouvidos pela Reuters previam que as vendas subiriam 1,2 por cento em fevereiro ante janeiro, segundo a mediana das projeções de 21 economias. As contas variaram de zero a 2,80 por cento de alta.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a expectativa era de alta de 3,65 por cento de acordo pela mediana de 20 projeções, com as previsões ficando entre 1,30 e 6,50 por cento.
O IBGE também revisou os dados das vendas de janeiro sobre fevereiro, passando de uma alta de 0,6 por cento para 0,5 por cento. Com isso, a expansão vista no início do ano praticamente foi revertida com a queda em fevereiro.
Segundo o IBGE, seis das dez atividades pesquisadas tiveram resultados negativos na comparação mensal, entre eles Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com retração de 1 por cento no período, depois de terem subido 1,4 por cento em janeiro, e Combustíveis e lubrificantes, com queda de 2,1 por cento, depois de terem subido 0,7 por cento no mês anterior.
Nenhuma das atividades avaliadas pelo IBGE mostrou aceleração no crescimento em fevereiro
Em fevereiro, a receita nominal subiu 0,6 por cento ante janeiro, com alta de 7,6 por cento na comparação anual.
O setor varejista, com impulso do mercado de trabalho robusto e crédito relativamente barato, vinha sendo um do pilares da economia e, neste momento, ganha destaque ainda maior já que a inflação continua em níveis elevados, apesar de sinais de desaceleração.
Diante deste cenário, o Banco Central continua em posição delicada para definir o rumo da política monetária. Se de um lado a inflação se mostra resistente, de outro a recuperação econômica ainda é frágil.
Na quarta-feira, o IBGE informou que o IPCA desacelerou em março para uma alta de 0,47 por cento, mas isso não impediu que o índice acumulado em 12 meses rompesse o teto da meta ao atingir 6,59 por cento.
As vendas do comércio varejista ampliado –que inclui o setor automotivo e material de construção– registraram recuo de 0,7 por cento em fevereiro ante janeiro. Na comparação anual, porém, elas cresceram 1,2 por cento.