Armstrong e agência anti-doping divergem sobre investigação
Um advogado de Lance Armstrong disse que o ciclista caído em desgraça não cumprirá o prazo dado pela Agência Anti-doping dos EUA (USADA na sigla em inglês) para testemunhar sob juramento, e deu a entender que seu cliente preferiria participar de iniciativas internacionais para “arejar o ambiente”.
Em uma carta à USADA datada de sexta-feira, o advogado Timothy Herman declarou que, se por um lado, o atleta está disposto a cooperar com a agência, por outro seu pedido para entrevistá-lo nas próximas duas semanas “não pode ser satisfeito”.
Herman justificou mencionando compromissos pré-existentes. A USADA deu o prazo de 6 de fevereiro para Armstrong cooperar plenamente com sua investigação em troca da possível suspensão de seu afastamento definitivo do ciclismo, afirmou Travis Tygart, executivo-chefe da agência, no trecho de uma entrevista prevista para ir ao ar no programa “60 Minutes”, da rede norte-americana CBS, neste domingo.
Após anos de negação, na semana passada Armstrong confessou, em entrevista à apresentadora Oprah Winfrey, ter usado drogas para melhorar o desempenho como artimanha para conquistar seu sete títulos na Volta da França.
No ano passado, a USADA retirou todos os títulos de Armstrong e o qualificou de “trapaçeiro em série”.
Em sua carta, Herman levantou dúvidas sobre o papel da USADA para livrar o ciclismo de drogas para melhorar o desempenho. Ele observou que “o ciclismo profissional é sobretudo um esporte europeu”.
Herman saudou o anúncio do Sindicato Internacional de Ciclismo, na sexta-feira, de que trabalhará com a Agência Mundial de Anti-doping em uma investigação abrangente sobre o uso de drogas e se apoiará em um processo de “verdade e reconciliação”.
“Como tal, gostaríamos de nos coordenarmos com o processo de verdade e reconciliação para examinar a cultura do doping no ciclismo no passado e arejar o ambiente, para que o ciclismo possa seguir adiante”, escreveu Herman.
Na quarta-feira, William Bock III, conselheiro-geral da USADA, enviou a Herman uma carta dizendo que as confissões de Armstrong a Oprah “anularam qualquer possível obstáculo para sua cooperação com a USADA”.
“Seu cliente tem muitas informações que são necessárias para limpar o ciclismo; está claro que chegou o momento de ele se reunir com a USADA e fornecer informações detalhadas sob juramento e oficialmente no tocante ao seu doping e a potenciais violações de regras anti-doping de outros sobre as quais ele tenha conhecimento”, escreveu Bock.
Armstrong, de 41 anos, afirmou a Oprah que o afastamento definitivo contra ele é uma “sentenção de morte”.
Ele acrescentou não ter a ambição de voltar ao ciclismo profissional, mas que gostaria de competir em eventos atléticos.