Time acéfalo

Corinthians se vale de nervosismo do Palmeiras, ganha dérbi e avança na Copa do Brasil

Jogadores do Corinthians comemoram gol de Bidu e a vaga para as quartas da Copa do Brasil/Alexandre Battibugli/Ag. Paulistão

Ricardo Magatti/AE

 

A tão elogiada força mental importante para o Palmeiras empilhar taça nos últimos anos não existe mais. Prova disso foram o nervosismo com que encarou seu maior rival e a cabeçada intempestiva de Aníbal Moreno que deixou o time alviverde com um a menos e o Corinthians à vontade para ganhar o dérbi de novo, desta vez por 2 a 0 no Allianz Parque. O triunfo tranquilo no Allianz Parque garantiu a equipe alvinegra nas quartas de final da Copa do Brasil.

Leve e confortável, o Corinthians explorou os vários erros do rival, sobretudo técnicos, e conquistou com merecimento a classificação. Com um atleta a mais desde os 14 minutos do primeiro tempo, depois que o destempero de Aníbal Moreno lhe rendeu o vermelho por acertar cabeçada em José Martinez, o time de Dorival Júnior fez o que quis.

Dominou o Palmeiras no Allianz Parque em todos aspectos, e teve inteligência e calma para marcar os gols em momentos oportunos, jogando mais pressão sobre a equipe de Abel Ferreira. Criticado como nunca havia sido em seus cinco anos no comando palmeirense, o treinador fez escolhas erradas, como tirar Vitor Roque no intervalo, e foi incapaz de ajeitar a formação com dez em campo, terminando a noite vaiado e xingado por parte da torcida.

Irritado à beira do gramado, ele viu seus atletas pilhados, desconcentrados e cometendo erros em profusão, confirmando que o “cabeça fria, coração quente” foi esfacelado. O insólito protesto da torcida na véspera do clássico, usando cesta com doces para os jogadores que não teriam “fome” de disputar o dérbi, não deu resultado. O time confundiu garra hostilidade e facilitou a tarefa do Corinthians.

A bola aérea, outrora uma virtude do Palmeiras, hoje é mais um problema do time e uma solução para a equipe alvinegra, que encontrou pelo alto seus dois gols, valendo-se da altura de Gustavo Henrique.

Foi o zagueiro que ajeitou para Matheus Bidu fazer o primeiro no fim da etapa inicial e que anotou, de cabeça, o gol que definiu a inédita classificação alvinegra. Inédita porque foi a primeira vez que o Corinthians eliminou seu arquirrival em um mata-mata em competições que não sejam o Paulistão.

O Corinthians embolsa R$ 4,7 milhões pela classificação e ainda irá conhecer seu rival na próxima fase. Sorteio marcado para terça-feira na sede da CBF vai definir os confrontos das quartas de final. O Palmeiras direciona seu foco para o Brasileirão e para o mata-mata da Libertadores.

Acostumado com o caos político e institucional, o clube do Parque São Jorge ganha dias de paz às vésperas da votação que irá referendar o impeachment de Augusto Melo ou colocá-lo de volta à presidência. A oitava eliminação seguida em seu estádio nos últimos anos deve instalar uma crise no Palmeiras, cobrado para jogar melhor e voltar a levantar taças, o que não acontece desde o Paulistão de 2024.

Os protestos começaram antes do jogo e seguiram antes do apito final. “Ô, Leila, sua imbecil, pega esse time e vai para a p***”, esbravejaram membros da Mancha Alviverde, a principal organizada ligado ao clube, que também cobrou o diretor Anderson Barros.

Nem Abel Ferreira passou ileso. Foi xingado nos minutos finais pela uniformizada, quando parte dos 41 mil palmeirenses já estavam deixando o estádio. Alguns apoiadores do técnico tentaram abafar o coro contra o português, mas as vaias foram mais baixas que as ofensas. Foi uma noite melancólica para o Palmeiras e uma inesquecível para o Corinthians.

PALMEIRAS 0 X 2 CORINTHIANS

PALMEIRAS – Weverton; Giay, Gustavo Gómez, Micael e Piquerez; Aníbal Moreno, Lucas Evangelista (Felipe Anderson) e Mauricio (Raphael Veiga); Sosa, Facundo Torres (Emiliano Martínez) e Vitor Roque (Flaco López). Técnico: Abel Ferreira.

CORINTHIANS – Hugo Souza; Matheuzinho, André Ramalho, Gustavo Henrique e Matheus Bidu (Angileri); Raniele, José Martínez (Charles), Carrillo (Breno Bidon) e Rodrigo Garro; Memphis Depay (Romero) e Yuri Alberto (Talles Magno). Técnico: Dorival Júnior

GOLS – Matheus Bidu, aos 42 minutos do primeiro tempo. Gustavo Henrique, aos 12.

ÁRBITRO – Anderson Daronco (RS).

CARTÕES AMARELOS – Raniele, José Martínez, Giay, Yuri Alberto, Garro, Vitor Castanheira.

CARTÕES VERMELHOS – Aníbal Moreno, João Martins (auxiliar). Vitor Castanheira e Emiliano Martínez.

PÚBLICO – 41.468 torcedores.

RENDA – R$ 4.571.692,60.

LOCAL – Allianz Parque, em São Paulo (SP).

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