Handebol do Brasil sonha com medalha
Tendência que começou com o futebol e agora já está difundida entre os esportes coletivos, a exportação de atletas brasileiros para atuar em ligas mais fortes na Europa está por trás da confiança mostrada pela seleção feminina de handebol em sua busca por uma inédita medalha olímpica para a modalidade.
Apenas uma das 14 jogadoras da equipe que vai disputar os Jogos de Londres atua no Brasil. As outras 13 estão divididas em equipes de ponta do handebol europeu, onde se acostumaram a enfrentar por seus clubes as mesmas adversárias que terão pela frente na Olimpíada.
“Sem dúvida o salto que o handebol deu foi o fato de nós termos praticamente 99 por cento da equipe (jogando no exterior)”, disse a pivô Dara, que atua no handebol europeu desde 2004 e atualmente está no Bera Bera, da Espanha.
“A experiência de você jogar contra equipes europeias, contra equipes de ponta – a maioria das jogadoras do Brasil joga em equipes de ponta nas ligas que jogam, são campeãs de suas ligas, jogam a Champions League -, e isso ajuda muito na hora de você conhecer e ter entrosamento”, acrescentou a jogadora, após o primeiro treino da equipe na capital britânica, nesta terça-feira.
Desde os 22 anos jogando no exterior, a ponta Alexandra Nascimento é uma das oito atletas da seleção que defendem o Hypo, da Áustria. “Quando a gente vem para a seleção e encontra com elas (adversárias), a gente sabe que não é nenhum bicho-papão, elas fazem a mesma coisa que a gente faz”, disse.
O toque estrangeiro é ainda maior pela presença do técnico dinamarquês Morten Soubak, que assumiu a equipe em 2009 com o objetivo de formar o time para os Jogos de Londres e possivelmente para a Olimpíada de 2016, no Rio, dependendo dos resultados.
O primeiro fruto foi colhido em solo brasileiro, no Mundial disputado em São Paulo em dezembro do ano passado, em que o 5o lugar conquistado representa o melhor da história da modalidade. Os resultados nos amistosos de preparação para a Olimpíada – duas vitórias sobre a Alemanha e uma sobre a Holanda – também aumentaram a confiança.
“Estamos aqui para brigar pela medalha, ninguém está aqui se matando para participar, estamos aqui para brigar, mas estamos totalmente cientes que não somos favoritos e não temos o mesmo histórico que os outros têm. Eu espero que a gente tenha mais fome que os adversários”, disse o treinador.
O handebol, um dos esportes mais praticados nas escolas do país, nunca conseguiu se consolidar como modalidade de elite no Brasil e fica bem atrás do vôlei e do basquete no retrospecto olímpico. O melhor resultado é um 7o lugar das mulheres em Atenas-2004. Os homens não se classificaram para os Jogos de Londres.
A estreia das brasileiras será no dia 28 de julho, contra a Croácia. O Brasil também enfrentará na primeira fase as seleções de Montenegro, Rússia, Grã-Bretanha e Angola no Grupo A do torneio olímpico.