Presidente não se entregará
Jorge Luís Sampaio continuará foragido até que defesa acesse acusação, diz advogado
Leonardo Catto e Rodrigo Sampaio/AE
Três pessoas continuam foragidas após a Polícia Civil prender dez integrantes da Mancha Alvi Verde, principal organizada do Palmeiras. Todos são suspeitos de participar da emboscada a um ônibus da Máfia Azul, uniformizada do Cruzeiro, que terminou com uma pessoa morta e 17 feridos.
Entre os foragidos estão o presidente da Mancha Alvi Verde, Jorge Luís Sampaio, e o vice-presidente, Felipe Mattos. Eles são representados pelo advogado Gilberto Quintanilha. Segundo ele, a entrega está condicionada ao acesso da defesa aos autos de acusação. O processo corre em segredo de Justiça.
“(Sampaio e Mattos) Continuam aqui em São Paulo, continuam em contato com a gente e vão se entregar quando a gente achar que existe necessidade”, disse o advogado. Questionado sobre quando haverá necessidade para que eles se entreguem à Polícia, Quintanilha diz que o critério é “saber qual que é a acusação”. A prisão temporária de ambos foi decretada em 30 de outubro.
Em momentos anteriores, a defesa chegou a dizer que não sabia onde estavam seus clientes. Nesta terça-feira, Quintanilha também negou que Sampaio e Mattos estivessem presentes no dia da ação contra torcedores do Cruzeiro.
A investigação foi iniciada pela Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade). Um dos suspeitos que tinha um pedido de prisão contra si teve a determinação revogada após a própria delegacia reconhecer que errou em pedir a prisão de Henrique Moreira Lelis, que estava a 400 quilômetros de onde o crime aconteceu.
A emboscada aconteceu na madrugada do dia 27 de outubro, na rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, no sentido de Belo Horizonte. O ataque terminou com a morte de José Victor Miranda, de 30 anos Ele integrava um grupo da Máfia Azul, organizada do Cruzeiro, de Sete Lagoas (MG). Miranda chegou a ser internado no Hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã (SP), em estado gravíssimo em decorrência de ferimentos de queimaduras e não resistiu. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que atendeu a ocorrência no dia, foi ateado fogo em um dos ônibus dos cruzeirenses.
O caso é entendido como uma “cobrança” dos palmeirenses por uma ação de torcedores do Cruzeiro contra integrantes da Mancha Alvi Verde em 2022, na mesma rodovia. Na época, Jorge Luís Sampaio Santos teve sua carteirinha de sócio, documentos e cartões de créditos arrancados dos rivais durante o confronto, além de ter sido espancado e ter vídeos expostos nas redes sociais. A confusão terminou com quatro torcedores feridos a tiros.
INDENIZAÇÃO
Familiares de José Victor dos Santos Miranda, cruzeirense morto em emboscada de integrantes da Mancha Alvi Verde a um ônibus de torcedores da Máfia Azul, do Cruzeiro, estão processando o Palmeiras. São quatro ações de danos morais no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Somadas, as indenizações podem chegar a R$ 8,75 milhões.
O advogado Juliano Pereira Nepomuceno é o representante dos familiares nos quatro processos. Ele já tem outra ação contra o Palmeiras por dano morais, na qual é cobrado R$ 1,15 milhão pelo irmão de Gabriela Anelli. A garota de 23 anos foi morta no entorno do Allianz Parque, em julho do ano passado, após briga entre torcidas de Palmeiras e Flamengo.
Os processos são distribuídos por sorteio a juízes do Foro Central Cível. Dois deles estão com o mesmo magistrado, Felipe Poyares Miranda, da 16ª Vara Cível. O juiz determinou que uma das ações tenha a petição inicial direcionada à outra, sob argumento de “economia processual” e “inexistência de justificativa para distribuir duas ações sobre os mesmos fatos e a mesma vítima”.
Um dos processos da 16ª Vara Cível é o que cobra o maior valor em indenização: R$ 5,75 milhões. Os outros três pedem R$ 1 milhão cada.
O Palmeiras não comenta assuntos jurídicos. Entretanto, o Estadão apurou que as ações surpreenderam e causaram revolta nos bastidores do clube, que é rompido com a Mancha Alvi Verde, investigada pelo crime. A organizada já protagonizou protestos contra a gestão de Leila Pereira, reeleita recentemente.
Após uma manifestação feita em live, na qual foram feitas ameaças contra a presidente, Leila conseguiu medida protetiva contra três integrantes da Mancha. Dois deles, Jorge Luis Sampaio Santos e Felipe Mattos, são suspeitos de participar da emboscada e considerados foragidos.
Internamente, o Palmeiras entende que não faz sentido o clube ser responsabilizado por um crime ocorrido em uma rodovia, em dia em que não houve jogo. A emboscada aconteceu em 27 de outubro, no quilômetro 65 da rodovia Fernão Dias, em Mairiporã (SP). Os suspeitos interceptaram ônibus de cruzeirenses que voltavam para Belo Horizonte após partida do clube mineiro contra o Athletico-PR, em Curitiba.
Além da morte de José Victor dos Santos Miranda, outras 17 pessoas ficaram feridas. Após o caso, a Federação Paulista de Futebol (FPF) proibiu uniformes e acessórios da Mancha Alvi Verde em estádios de São Paulo por tempo indeterminado.
Na sede social do Palmeiras, passou a valer uma modificação no código de vestimenta. Leila Pereira proibiu a entrada de associados com trajes e acessórios da Mancha Alvi Verde e de quaisquer outras torcidas organizadas.
A emboscada é entendida como uma “cobrança” dos palmeirenses por uma ação de torcedores do Cruzeiro contra integrantes da Mancha Alvi Verde em 2022, também na rodovia Fernão Dias. Na época, Jorge Luís Sampaio Santos teve sua carteirinha de sócio, documentos e cartões de créditos arrancados dos rivais durante o confronto, além de ter sido espancado e ter vídeos expostos nas redes sociais. A confusão terminou com quatro torcedores feridos a tiros.