Sobrevivente de terremoto é turca em Olimpíadas
Goksu Uctas se entusiasmou tanto com a ideia de ser a primeira ginasta turca numa Olimpíada que desejou tatuar os cinco anéis olímpicos no braço.
Por enquanto, porém, ela se contenta com uma colar de prata com o famoso símbolo, que ela gira animadamente entre os dedos.
A Turquia é uma potência olímpica do halterofilismo e nas lutas. Homens e mulheres já levaram 67 medalhas para o país nessas modalidades, mas nenhum ginasta turco jamais disputou os Jogos.
Uctas e seu técnico, Mergul Guler, estudaram meticulosamente as rotinas e habilidades necessárias para obter a vaga na Olimpíada.
“A razão para nenhum turco ter se classificado até agora não é incompetência, é só que ninguém acreditava que fosse acontecer, e portanto nem descobriu como fazer”, disse Guler, um ex-ginasta.
“Você só precisa de fé em si mesma”, resumiu Uctas, de 22 anos, falando à Reuters no seu alojamento.
O feito de Uctas é ainda mais notável levando em conta que aos nove anos – idade crítica no desenvolvimento de uma ginasta – ela sobreviveu a um catastrófico terremoto no noroeste da Turquia.
O tremor de 1999 matou cerca de 17 mil pessoas e deixou centenas de milhares de desabrigados, inclusive a família dela.
“Vivemos um ano numa tenda, com medo constante devido aos tremores secundários”, disse Uctas. “Mas nunca parei de treinar, mesmo quando o ginásio estava sendo reconstruído treinei ao ar livre e continuei focada em treinar o quanto eu pudesse.”
A Turquia é candidata a receber a Olimpíada de 2020 em Istambul, que concorre com Tóquio e Madri. A classificação de Uctas para Londres-2012 deve contribuir para ampliar o interesse de seus compatriotas pelos Jogos.
Em termos mais concretos, porém, Uctas e seu treinador têm objetivos modestos. “A meta na Olimpíada? Chegar lá era a meta. Mas chegar às finais seria incrível”, disse Guler.