Um sonho que se torna realidade
A prova foi disputada nas distâncias olímpicas que compreendem 1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10 km sobre um sol escaldante de mais de 35 graus.
A largada foi dada em Puerto Vallarta às 11h da manhã e Colucci conseguiu posicionar-se muito bem desde o início. “Eu estava numa ótima posição, próximo aos meus principais adversários. Tive uma largada limpa e consegui imprimir o meu ritmo sem me enroscar com ninguém. Então, eu continuei forçando e cheguei na boia em terceiro lugar, posição que mantive até a saída da água. Procurei correr o mais rápido possível e fiz uma transição rápida. Com isso se formou um pequeno grupo de 6 atletas que se juntou a mim e tentamos abrir dos demais atletas”, explica o triatleta.
Ao final do ciclismo, Colucci fez uma ótima transição para a etapa de corrida saindo em segundo lugar. A liderança era do atleta canadense Brent Mcmahon, que impôs um ritmo muito forte no início. Manuel Huerta, dos Estados Unidos, encostou em Colucci e os dois tentaram juntos buscar o líder. A briga pela medalha ficaria entre os três até o fim.
O triatleta brasileiro usou sua estratégia e sentiu o bom momento. “Faltando menos de 2 km para o final, ao passar num posto de hidratação, deixei o americano que estava correndo essa última volta o tempo todo atrás de mim passar, para sentir qual ritmo ele seria capaz de fazer. Ele forçou por uns 200m. Mas logo já voltou a correr mais devagar. Pude então perceber que ele estava muito cansando. Bem, eu também estava muito cansando, mas sentia que ainda tinha um pouco de reservas para realizar um bom sprint final. Era uma questão de atacar no momento certo para não ser surpreendido. Voltei a correr na frente, porém num ritmo um pouco mais cadenciado até chegar nos últimos 800m, quando comecei aos poucos aumentar a velocidade. Fui esticando a passada até finalmente atingir a velocidade máxima. Já não escutava mais os passos do americano, mas continuava a correr forte sem olhar para traz, até que cheguei na reta final e então vi que estava sozinho. Consegui pegar uma bandeira do Brasil com a Paty, mulher do Diogo, e então comemorar a realização de um sonho: a tão sonhada medalha de ouro Pan Americana! É difícil descrever qual o sentimento senti na hora que subi ao pódio. Mas sem dúvida, um filme passou dentro da minha cabeça relembrando desde os meus primeiros treinos, quando ainda morava em Descalvado, o dia que ganhei minha primeira bicicleta de triathlon do meu avô, que já faleceu há alguns anos, e infelizmente não pôde ver em vida esse momento comigo. Até os dias de hoje, quando tenho que treinar longe de minha família, eu deixo de presenciar tantos momentos importantes, como o aniversario de 1 ano da minha filha, que foi no mesmo dia 23 de ontem, quando ganhei essa medalha. Mas tudo isso faz parte do esporte. O caminho até o pódio é duro. As vitorias são sempre superando muita dor e nossa vida é cheia de abdicações. Mas, dias de triunfos, como esse do Pan, ficarão marcados para sempre na minha vida. Em especial fica meu agradecimento a minha mulher, Mariana, que tem estado comigo em todos os momentos, sejam eles fáceis e difíceis. Ao Cali, o meu técnico desde meus primeiros passos dentro do triathlon, que por muitas vezes acredita mais em mim do que eu mesmo. Aos meus patrocinadores, que fornecem todo o suporte que preciso para sempre melhorar. E por fim agradeço a todos que acreditaram em mim, me ajudaram ou simplesmente torceram. Tenham certeza de que sem o suporte de todos vocês, nada disso seria possível”, finaliza o medalhista de ouro no Pan de Guadalajara 2011, Reinaldo Colucci.