Valcke diz que Brasil pede demais à Fifa
O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, subiu o tom das conversas com as autoridades brasileiras e disse que o país faz exigências demais à entidade que comanda o futebol nas negociações sobre a Copa do Mundo de 2014 no país.
“Só porque vocês ganharam cinco Copas do Mundo, vocês acham que podem pedir, pedir e pedir”, disse Valcke a jornalistas, após reunião com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e o conselheiro do Comitê Organizador Local da Copa (COL) e ex-jogador Ronaldo, em Brasília.
Os comentários do dirigente, que está no país para sua primeira vistoria do ano aos preparativos para o Mundial, foram feitos após ele ser questionado sobre as exigências brasileiras à Fifa. O tema de maior polêmica entre governo e Fifa se refere à Lei Geral da Copa, que está parada no Congresso.
Valcke voltou a cobrar pressa na aprovação da lei – um conjunto de medidas que regulamenta a realização do Mundial da Fifa desde o preço dos ingressos à proteção de marcas de patrocinadores.
“Estamos muito perto de fazer a lei nascer. Os nove meses acabaram, temos que fazer esse bebê sair”, disse ele.
A lei foi alvo de uma série de divergências entre autoridades brasileiras e a Fifa, entre elas a concessão de meia-entrada a estudantes e idosos e a proibição de venda de bebidas alcoólicas nos estádios.
O projeto ainda não foi aprovada numa comissão especial da Câmara dos Deputados. Depois ainda precisará passar no plenário da Câmara e depois receber o aval dos senadores.
“Eu acredito que agora seja o momento de assinar um acordo, não só pelo tempo, porque também temos que pensar em outras coisas. Todos nós estamos focando nessa lei, mas a Copa do Mundo não é só uma lei. É estádio, aeroportos, hotéis”, disse Valcke.
Valcke chegou ao Brasil nesta segunda-feira, 16, para acompanhar o progresso dos preparativos do Mundial no Brasil. Nesta tarde, visitará Fortaleza e, nos dias seguintes, Salvador e Rio de Janeiro, onde participará de reuniões para definir outras questões delicadas, como a política de ingressos para as partidas.
A expectativa do governo era conseguir aprovar a lei na Comissão Especial da Câmara em dezembro, mas diferenças sobre um artigo que determina a responsabilização civil da União em casos de eventuais incidentes durante o Mundial e a questão da venda de bebida alcoólica nos estádios da Copa adiaram a votação para esse ano.