Vereadores propõem retirar nome de Havelange do Engenhão
Vereadores do Rio de Janeiro apresentaram nesta quarta-feira, 8, um projeto de lei solicitando a retirada do nome do ex-presidente da Fifa João Havelange do estádio olímpico da cidade, alegando que as acusações de corrupção contra o dirigente prejudicam a imagem da cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
“O nome João Havelange hoje remete a investigações de fraude e escândalos na Fifa, não faz sentido uma cidade que vai receber Copa e Olimpíada ter o nome do seu estádio com essa referência”, disse em nota o vereador Renato Cinco, um dos autores do projeto ao lado de Eliomar Coelho e Paulo Pinheiro, todos do PSOL.
Havelange, de 97 anos, renunciou no mês passado ao cargo de presidente de honra da Fifa após uma investigação sobre um caso de suborno envolvendo a ISL, antiga parceira de marketing da entidade máxima do futebol mundial.
Um inquérito descreveu como “moral e eticamente reprovável” o comportamento de Havelange, que foi presidente da Fifa entre 1974 e 1998, na relação com a ISL, que faliu em 2001.
Havelange e seu ex-genro Ricardo Teixeira, ex-membro do comitê-executivo da Fifa e ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014, receberam milionários subornos da ISL para selar contratos relativos às Copas da década de 1990, segundo a investigação. Teixeira renunciou ao comando da CBF e do COL, e também ao cargo na Fifa, no ano passado.
O Estádio Olímpico Municipal João Havelange foi construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e será o palco das competições de atletismo nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio. O estádio, conhecido como Engenhão, foi interditado no final de março pela prefeitura da cidade por problemas estruturais encontrados na cobertura. Não há prazo para a reabertura.
Na proposta apresentada pelos vereadores, eles sugerem a alteração do nome para Estádio Olímpico Municipal João Saldanha, em homenagem ao jornalista e ex-treinador da seleção brasileira. Saldanha, que morreu em 1990, era torcedor fanático do Botafogo, clube que atualmente administra o estádio.
“A mudança do nome para João Saldanha busca resolver não apenas uma questão ética, já que João Havelange não tem condição de ser digno dessa homenagem, mas também busca trazer novos ares a esse estádio, construído a base de muito superfaturamento e com problemas estruturais”, disse o vereador Eliomar Coelho na nota.