PAULO MELLO
São Carlos FM
O vereador Gustavo Pozzi (PP), líder do governo na Câmara de São Carlos, afirmou que o diálogo é o principal instrumento de sua atuação política e avaliou como “intensa e desafiadora” a experiência de ocupar, pela primeira vez, a liderança do Executivo no Legislativo. A declaração foi feita durante entrevista ao programa Primeira Página no Ar, da São Carlos FM 107,9, na manhã desta sexta-feira (12).
Em seu terceiro mandato, Pozzi destacou que a função de líder amplia exponencialmente as demandas recebidas no gabinete. Segundo ele, no primeiro semestre do ano, grande parte do tempo foi dedicada a atender questões do governo municipal, muitas delas de caráter urgente. “Ser líder do governo é uma experiência muito rica. Você deixa de cuidar apenas do próprio mandato e passa a viver o parlamento de forma mais ampla”, afirmou.
Presidente da Comissão de Legislação por três biênios, Pozzi explicou que a familiaridade com os projetos facilita o trabalho de articulação. Ele relatou que analisa praticamente todas as matérias que entram na pauta, inclusive as que chegam em regime de urgência. “Mesmo em urgência, eu dou parecer. É uma responsabilidade técnica e política. Muitos colegas, da base e da oposição, me procuram minutos antes da sessão para entender melhor o conteúdo dos projetos”, disse.
Ao comentar a relação com o Executivo, o parlamentar afirmou que o contato com o governo varia conforme a complexidade da proposta. Em projetos mais sensíveis, como a Lei Orçamentária, o diálogo é intensificado. “No dia da discussão do orçamento, cheguei a ter quatro secretários conversando comigo o tempo todo. Dependendo do projeto, a condução precisa ser diferente”, explicou.
Questionado sobre seu papel diante de críticas feitas por vereadores da base aliada, como Paraná Filho (PP) e Bira Texeira (Podemos), o líder do governo disse que atua como mediador. “Eu me dou bem com todo mundo. Às vezes é preciso ser mais firme, dependendo da pancada, mas minha principal característica é o diálogo. Muitas vezes a atuação do líder é silenciosa. Só aparece quando é preciso esclarecer algo que está sendo mal interpretado”, afirmou.
Pozzi também comentou a relação direta com o prefeito Netto Donato (PP). Segundo ele, há diálogo frequente, inclusive com reuniões presenciais. “Eu tenho um princípio: elogio se faz em público, crítica se faz no ouvido. Já fiquei bravo em algumas situações, mas sempre resolvemos no diálogo. Se o líder começa a criticar o governo na tribuna, algo está muito errado”, avaliou.
Trajetória
Durante a entrevista, o vereador relatou sua trajetória pessoal antes da vida pública. Disse que começou a trabalhar aos 10 anos de idade, ajudando o tio em uma granja, e que, ainda adolescente, atuou como office boy. Formou-se em Direito com financiamento estudantil (Fies), cursou Filosofia, fez especializações em Filosofia Política, Ética e Ensino de Filosofia, além de concluir um mestrado em Educação. Atualmente, leciona em escolas e instituições ligadas à Diocese de São Carlos. “Minha profissão não é vereador. Eu nunca deixei de dar aula. Minha vida sempre foi pautada por estudo e trabalho”, afirmou.
Poszzi rebateu críticas recorrentes à atuação dos vereadores. “Existe muito trabalho que não aparece. Além da sessão de terça-feira, participo de comissões como Legislação, Educação e Ética, que têm dado bastante trabalho”, disse. Ele também lembrou sua atuação voluntária como membro da Sociedade São Vicente de Paulo, atividade que exerce desde 2002.
A entrevista também abordou um episódio recente relacionado a críticas feitas ao seu mandato de vereador. Pozzi explicou o contexto que motivou sua insatisfação. “O problema não foi a crítica em si, mas a forma que foi feita. Pareceu que eu elogiava secretários apenas por atenderem telefone. Não é isso. É atender e resolver a demanda”, afirmou, citando exemplos de ações concretas na área de Trânsito e Segurança Pública.
Sobre Educação, o vereador confirmou que a Escola Cívico-Militar em São Carlos começará a funcionar no próximo ano letivo. Segundo ele, as matrículas dos alunos já matriculados na unidade escolar, serão automáticas, e novas vagas poderão surgir apenas em caso de transferência. “É mais um modelo. Quem não quiser, não precisa colocar o filho lá. Vivemos numa democracia. Vai ter fila de espera”, afirmou, rebatendo críticas ao formato. Para Pozzi, o modelo não retira a autonomia do professor, mas agrega ações complementares.
No campo político, o parlamentar disse não ter planos de disputar a Prefeitura, mas afirmou, em tom bem-humorado, que sonha ser senador da República. “Minha vocação é o Legislativo. Quero, sim, ser presidente da Câmara quando for possível. A presidência é uma construção”, finalizou.
Assista a entrevista de Pozzi na íntegra:
