Em crise, OEA elegerá surinamês secretário-geral

Felipe Frazão/AE
O próximo secretário-geral da OEA será o chanceler do Suriname, Albert Ramdin. Na quinta-feira, 6, ele se tornou candidato único, para a votação de segunda-feira, 10, após a desistência de Rubén Ramírez Lezcano, ministro das Relações Exteriores do Paraguai. Ele será o sucessor de Luis Almagro até 2030.
O paraguaio buscou apoio dos americanos nos bastidores e estava em contato constante com o secretário de Estado Marco Rubio. Fotos de Lezcano com Donald Trump e com o bilionário Elon Musk, no entanto, provocaram uma reação articulada por governos de esquerda da região – e ganhou apoio de México e Canadá, alvos de tarifas de Trump.
Votos
Ramdin precisa da maioria dos votos dos 34 membros – Nicarágua, Venezuela e Cuba não são mais parte da OEA, embora os venezuelanos ainda não tenham oficialmente se retirado. O surinamês tem apoio dos 14 países da Comunidade do Caribe (Caricom), além de Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Uruguai, Costa Rica, Equador e República Dominicana.
A posição dos EUA é incerta. Os americanos são os principais financiadores da OEA e é provável que a Casa Branca exija alguma coisa em troca dos recursos, especialmente no momento em que Musk vem dizimando agências federais e cortando gastos públicos
Embora as regras da OEA permitam que candidatos se apresentem de última hora – o que faz com que a candidatura de Lezcano ainda não esteja enterrada definitivamente -, diplomatas do Brasil não acreditam em uma reviravolta.
Quatro embaixadores brasileiros ouvidos pelo Estadão relataram que o governo brasileiro hesitava em tomar partido entre Suriname e Paraguai. No entanto, os acenos do governo Peña após a eleição de Trump foram decisivos.
Entre medidas que um secretário-geral alinhado aos EUA poderia tomar estariam usar o prestígio da OEA para criticar governos de esquerda e estimular missões de inspeção temáticas, como o caso da liberdade de expressão.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.