Europa precisa defender sua soberania no espaço e ter política mais ousada
Líder alertou que a soberania da Europa estaria em jogo se o continente ficar atrás de potências rivais
A Europa precisa de uma política espacial mais ousada, declarou o presidente francês, Emmanuel Macron. O líder alertou que a soberania da Europa estaria em jogo se o continente ficar atrás de potências rivais neste campo fundamental para tecnologia, ciência e competitividade militar.
Em uma reunião na cidade de Toulouse, Macron disse que os eventos recentes mostraram o quão crucial é poder monitorar, da órbita, os movimentos das tropas. A afirmação foi uma referência a imagens de satélite que mostram o destacamento militar em massa da Rússia perto da Ucrânia e que levantam temores de uma invasão iminente.
“Não há poder total ou autonomia sem gerenciamento de espaço”, afirmou o presidente. “Sem (ele) você não pode conquistar novas fronteiras ou mesmo controlar as suas próprias.”
A Europa tem um forte histórico no que diz respeito ao lançamento de satélites para telecomunicações, serviços de posicionamento global e pesquisa científica. Mas ficou para trás de rivais como Estados Unidos, Rússia e China em voos espaciais tripulados, não tendo capacidade de lançar missões tripuladas próprias. No mês passado, o chefe da Agência Espacial Europeia apoiou pedidos para desenvolver sua própria espaçonave com tripulação. No entanto, os Estados-membros ainda não aprovaram a solicitação.
Macron disse que a Europa precisa considerar se deseja seguir esse caminho e, em caso afirmativo, qual será seu objetivo. Uma opção seria acompanhar os Estados Unidos na busca por Marte, enquanto outra seria focar em um substituto para a envelhecida Estação Espacial Internacional.
Com centenas de milhares de empregos vinculados à indústria espacial, o presidente francês alertou que a Europa enfrenta forte concorrência não apenas das grandes potências, mas também de rivais emergentes como a Índia e empresas privadas, como Blue Origin e SpaceX.
“Infelizmente, eles não são europeus, mas fizeram a aposta”, disse ele, acrescentando que as empresas se beneficiaram de um financiamento público significativo na forma de lançamentos patrocinados pelo governo. Para Macron, a Europa deveria considerar essa opção também para seus lançadores caseiros, como o próximo Ariane 6.