A Igreja Católica tem um novo líder. No final da tarde desta quinta-feira (8), a fumaça branca que saiu da chaminé da Capela Sistina confirmou o que o mundo católico aguardava: os cardeais, reunidos desde quarta-feira em conclave, chegaram a um consenso e elegeram o sucessor do papa Francisco. Pouco depois, o Vaticano anunciou em latim: “Habemus Papam” — temos um papa.
Os sinos da Basílica de São Pedro repicaram, marcando oficialmente o fim do conclave e a escolha do novo pontífice, o cardeal norte-americano Robert Prevost. Ele escolheu ser chamado de Leão XIV, tornando-se o primeiro papa dos Estados Unidos na história da Igreja.
A escolha de Prevost foi anunciada ao público pelo cardeal Dominique Mamberti. Logo em seguida, o novo papa surgiu na sacada central da basílica e fez sua primeira saudação aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro, com uma mensagem centrada na paz:
“A paz esteja com todos vocês. Esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado. Eu também gostaria que essa saudação de paz entrasse no coração de vocês”, declarou o novo pontífice.
Leão XIV assume o trono de Pedro em um momento desafiador: a Igreja enfrenta queda no número de fiéis e fortes expectativas sobre os rumos da instituição após o pontificado carismático de Francisco. Com apenas dois anos como cardeal, Prevost — nascido em Chicago, mas com trajetória missionária consolidada no Peru — é considerado próximo ao papa emérito e foi por ele promovido ao cardinalato. Sua escolha indica uma preferência dos cardeais por continuidade e pragmatismo.
Em seu primeiro discurso, Leão XIV agradeceu diretamente ao seu antecessor:
“Obrigado, papa Francisco.”
E concluiu reafirmando sua identidade e missão:
“Sou agostiniano. Sou cristão, e nesse sentido, podemos continuar juntos para aquela pátria para a qual Deus nos preparou.”
Com sua eleição, o novo papa entra para a história como símbolo de uma Igreja cada vez mais global e multicultural.
Quem é o novo papa Leão XIV? Conheça a trajetória do norte-americano Robert Prevost
Robert Prevost, o novo papa Leão XIV, nasceu em Chicago no dia 14 de setembro de 1955, mas foi na América Latina, especialmente no Peru, que construiu boa parte de sua missão religiosa. Sua atuação no país sul-americano foi decisiva para sua ascensão dentro da Igreja, culminando em posições de destaque na Cúria Romana.
Aos 22 anos, Prevost ingressou na vida religiosa. Estudou teologia na Catholic Theological Union, em sua cidade natal, e mais tarde se especializou em direito canônico na Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma. Foi ordenado sacerdote em 1982 e, apenas dois anos depois, iniciou seu trabalho missionário no Peru. Atuou nas cidades de Piura e Trujillo, onde permaneceu por cerca de uma década, inclusive durante o período do regime de Alberto Fujimori — momento em que chegou a exigir publicamente desculpas pelas violações de direitos humanos cometidas.
Cargos no Vaticano antes do papado
Antes de ser eleito papa, Prevost exercia duas funções de grande relevância na estrutura da Igreja: era prefeito do Dicastério para os Bispos, órgão responsável pela escolha e nomeação dos bispos em todo o mundo, e também presidia a Comissão Pontifícia para a América Latina.
Um perfil de continuidade
Conhecido por sua postura reservada e fala serena, o novo pontífice evita a exposição pública e raramente concede entrevistas. Apesar disso, é amplamente reconhecido como um reformista, afinado com a visão progressista de Francisco. Teólogo experiente e profundo conhecedor do direito canônico, Prevost representa uma continuidade nas transformações que vêm sendo promovidas dentro da Igreja.
Uma escolha rápida e simbólica
Sua eleição ocorreu no segundo dia de conclave, sinalizando uma decisão relativamente rápida entre os cardeais. A escolha de um papa norte-americano com raízes na América Latina e perfil reformista reforça a busca da Igreja por equilíbrio entre tradição e renovação.
